Reportagem

Como empresas de life sciences estão abordando as emissões de Escopo 3

Discussões sobre neutralidade de carbono envolvem otimizar cadeias de suprimentos e gerenciar resíduos de maneira correta e rastreável.

24 de Fevereiro de 2025
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A descarbonização do setor imobiliário é fundamental para garantir um futuro mais resiliente e sustentável.

Inicialmente, as empresas que já haviam estabelecido suas metas de sustentabilidade buscaram reduzir suas emissões diretas de carbono e consumo de eletricidade, ambas relacionadas aos Escopos 1 e 2. No entanto, agora, a missão é cada vez mais abordar as emissões de seus parceiros e fornecedores. É um objetivo mais desafiador, mas cada vez mais reconhecido como necessário para combater as mudanças climáticas.

As emissões de Escopo 3 são particularmente urgentes para a maioria das companhias. E, no caso das empresas de life sciences, não é diferente. De acordo com pesquisa recente da JLL com seus clientes desse setor, cerca de 89% das emissões deles se enquadravam nessa categoria.

Não são apenas as mudanças climáticas que impulsionam suas ações. Há também regulamentações e uma definição mais rigorosa do que significa neutralidade de carbono (por exemplo, comprar créditos de carbono não é mais suficiente).

“Hoje, tudo está, sim, relacionado às mudanças climáticas. As regulamentações passaram a existir para obrigar organizações a adotarem critérios e ações para minimizar os impactos em relação a essas mudanças, e os créditos de carbono estão diretamente relacionados a isso. Porém, essa deve ser a última iniciativa, depois de uma empresa ter avaliado todos os seus esforços para reduzir suas emissões nas operações e no negócio, esgotando as alternativas possíveis”, avalia Luciana Arouca, Head de Serviços de Sustentabilidade da JLL para Brasil e Greater LatAm.

“O que estamos vendo são empresas visionárias já colaborando com fornecedores, implementando iniciativas de redução de resíduos e otimizando seus processos da cadeia de suprimentos”, diz Rajashekar, líder de Sustentabilidade da JLL para Life Sciences. “Essas ações estabelecem padrões e pavimentam o caminho para que outros na indústria sigam e atinjam seus objetivos de sustentabilidade.”

Reduzindo emissões de Escopo 3: estratégias e iniciativas

À medida que as empresas adotam metas baseadas em ciência e avançam na abordagem das emissões de Escopo 3, uma história mais ampla se desenrola além das emissões de carbono, incluindo considerações sobre água, resíduos e cadeias de suprimentos.

Por exemplo, as empresas podem se associar a fornecedores para reduzir o impacto ambiental da cadeia de valor. A Merck, uma empresa farmacêutica multinacional, implementou programas de sustentabilidade de fornecedores para incentivar a redução de emissões e promover práticas sustentáveis. Os esforços fazem parte de seu objetivo de ver uma redução de 30% nas emissões de sua cadeia de valor até 2030.

Otimizar a cadeia de suprimentos desempenha um papel crucial nessa estratégia. Empresas farmacêuticas podem melhorar sua agilidade e capacidade de resposta para atender às demandas do mercado, otimizando a logística e reduzindo as emissões relacionadas ao transporte. Rajashekar enfatiza que colaborar com fornecedores que compartilham um compromisso com a sustentabilidade cria uma vantagem competitiva que ressoa com stakeholders ambientalmente conscientes.

“Entender como os fornecedores estão organizados em relação à agenda ESG é o primeiro passo para estruturar um plano de ação para o futuro, pois avaliamos quais deles já adotaram práticas sustentáveis e quais ainda nem começaram a trilhar essa jornada, o que é bastante comum pela falta de compreensão mais profunda sobre o tema. A triagem permite que as empresas tenham visibilidade do todo e possam desenvolver estratégias conjuntas para mitigar os impactos gerados por sua cadeia de fornecedores, inclusive entendendo quais precisarão de mais apoio para acelerar essa agenda verde internamente”, complementa Luciana Arouca.

Impulsionando práticas sustentáveis em life sciences

A redução de resíduos também é fundamental para abordar as emissões de Escopo 3 para empresas de life sciences. A empresa americana Pfizer tomou medidas concretas para otimizar seus processos de gestão de resíduos, demonstrando um compromisso com a sustentabilidade e a responsabilidade ambiental.

A Pfizer implementou várias iniciativas para minimizar a geração de resíduos e promover uma economia circular. Uma estratégia-chave envolve a reciclagem: estabelecendo infraestrutura de reciclagem e educando funcionários sobre o descarte adequado de resíduos, a Pfizer pretende desviar uma porção significativa de resíduos dos aterros.

A empresa também está minimizando o desperdício de embalagens e buscando soluções inovadoras para a redução de resíduos. “Adotar princípios de economia circular é fundamental para alcançar reduções substanciais da pegada ambiental enquanto se melhora a eficiência operacional”, diz Rajashekar. “Uma abordagem de economia circular foca em reduzir, reutilizar e reciclar materiais, permitindo que as empresas minimizem o desperdício, conservem recursos e mitiguem o impacto ambiental associado aos modelos tradicionais lineares de produção e consumo.”

Antecipando riscos para o futuro

Se as emissões de Escopos 1 e 2 recebem muita atenção, as emissões de Escopo 3 também desempenham um papel vital nas metas de sustentabilidade das organizações. Essas emissões representam os impactos indiretos gerados ao longo da cadeia de valor de uma empresa, incluindo extração, produção, transporte e uso do produto.

As emissões de Escopo 3 capturam os impactos ocultos que se estendem além das operações imediatas de uma empresa, mas abrangem uma grande parcela das emissões pelas quais são responsáveis – mesmo que indiretamente.

“Abordar as emissões de Escopo 3 pode envolver trabalhar com as PMEs que comumente fazem parte das cadeias de suprimentos das organizações, mas nem sempre têm os recursos necessários para formular estratégias de descarbonização por conta própria. Líderes devem buscar colaborar com as empresas ao longo de suas cadeias de valor para que possam impulsionar a indústria como um todo em direção a uma economia de baixo carbono. Fazer isso também pode fomentar uma cultura de inovação e garantir que as melhores soluções e produtos sustentáveis estejam sendo desenvolvidos para o setor”, comenta Paulina Torres, gerente de Pesquisa de ESG e Sustentabilidade da JLL.

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