Escritórios desenhados para a mudança climática: como o mercado imobiliário está se adaptando para lidar com emergência ambiental
Setor inova visando à sustentabilidade, seja em novos projetos ou em prédios existentes.
O noticiário de 2024 foi marcado pelos impactos das mudanças climáticas no planeta. Diariamente, há notícias sobre temperaturas extremas, eventos climáticos severos, diminuição da qualidade do ar, risco de apagão energético, falta d’água, entre outros. Tudo isso afeta a qualidade de vida e está promovendo profundas reflexões sobre como podemos mitigar esses fenômenos. Muitas empresas já assumiram o compromisso de reduzir suas emissões de carbono, e as edificações que ocupam têm papel preponderante nisso. Afinal, as construções representam cerca de 40% das emissões de gases do efeito estufa.
O mercado imobiliário está buscando formas de lidar com a emergência climática e vem promovendo transformações em sua cadeia, desde a concepção de um projeto e sua obra até a operação dos edifícios e a experiência dos usuários.
“Essa é uma preocupação cada vez maior, e não somente das empresas que possuem metas ESG e que publicam relatórios de sustentabilidade, mas da sociedade como um todo. Novos projetos têm a obrigação de considerar a implementação de iniciativas de sustentabilidade, visando a mitigar potenciais impactos ambientais gerados ao entorno, mas os prédios existentes também precisam se modernizar em busca de mais eficiência operacional, contribuindo para a redução das emissões de carbono e para a promoção de ambientes mais saudáveis aos ocupantes”, diz Luciana Arouca, diretora de Sustentabilidade da JLL.
Até 2050, mais de 90% das maiores empresas do mundo terão ativos imobiliários financeiramente expostos a riscos climáticos, de acordo com a S&P Global. Por isso, é importante ter estratégias amplas e de longo prazo para seu portfólio imobiliário, já que podem ser determinantes para a continuidade do negócio.
Proteger os edifícios é proteger as pessoas e os negócios
Embora o risco climático esteja começando a influenciar a estratégia de localização, para a maioria das empresas, trata-se de proteger suas instalações atuais. Segundo a pesquisa Climate Inflection Point, da JLL, os riscos climáticos projetados podem aumentar os custos de seguros em até 80%, além de impactar em outros custos para manter os negócios funcionando normalmente e permanecerem em conformidade.
No entanto, muitas empresas estão atrasadas. Apenas uma em cada cinco possui um plano de resiliência para se adaptar aos riscos físicos das mudanças climáticas, de acordo com a S&P Global. O setor imobiliário apresenta um desempenho ligeiramente melhor, com 26,5% se adaptando aos riscos físicos. Organizações que não avaliarem riscos climáticos e implementarem estratégias de mitigação e adaptação enfrentarão interrupções, danos e custos de manutenção mais altos. Ou seja, é preciso agir o quanto antes, planejando ações com antecedência e buscando ativamente otimizar o uso de recursos, para proteger os edifícios, as pessoas e os negócios.
Há uma pressão crescente sobre a manutenção preventiva para manter um ambiente de trabalho seguro e estável. Os testes estão evoluindo em termos de frequência e áreas de foco, e existe uma avaliação contínua sobre se os padrões de segurança dos edifícios existentes são suficientes para o clima atual. Ondas de calor prolongadas, por exemplo, fazem com que concreto e metal se expandam e contraiam repetidamente, exigindo maior monitoramento da integridade estrutural. Ambientes mais quentes também aumentam a necessidade de ar-condicionado, sobrecarregando sistemas HVAC. Nesse sentido, ferramentas de IA ajudam a otimizar continuamente equipamentos HVAC, reduzindo o consumo de energia e os custos e aprimorando a previsibilidade de manutenções.
Em regiões propensas a inundações, onde a infiltração de água pode danificar equipamentos nos subsolos, as empresas estão realocando sistemas críticos ou adicionando bombas de drenagem, instalando portas anti-inundação e sistemas de drenagem aprimorados. Por outro lado, em regiões com escassez de água, onde o solo seco e contraído pode impactar as fundações dos edifícios, danificar tubulações e desalinhar pisos, sistemas de irrigação inteligentes e reuso de água estão ganhando mais atenção.
Atenção ao planejamento de emergências
Além de implementar medidas de resiliência, as empresas estão avaliando os procedimentos de emergência existentes frente aos crescentes riscos climáticos. As organizações precisam identificar seus edifícios mais expostos e seus potenciais impactos para priorizar os requisitos essenciais para manter os negócios em funcionamento no caso de emergências. Cada edifício precisa de uma abordagem personalizada, com equipes de engenharia e design avaliando a solução adequada.
Porém, mais do que isso, uma estratégia robusta de gestão de instalações deve considerar a infraestrutura regional de uma empresa e sua cadeia de suprimentos, mapeando sistemas críticos em diferentes ativos e quantificando os riscos locais para estabelecer pontos focais nos planos de resposta.
Aplicar dados sobre eventos climáticos futuros às análises existentes de vulnerabilidade a riscos também pode influenciar como e com que frequência esses planos de contingência são atualizados.
Mudanças climáticas afetam experiência do usuário
Do ponto de vista da experiência dos usuários, a maior preocupação é com a promoção de saúde e bem-estar no ambiente corporativo, segundo Andreza Silva, líder de Workplace e Change Management da JLL.
“Uma boa experiência do usuário contempla conforto térmico, acústico e visual. Decoração com plantas e outros elementos naturais; sistemas inteligentes para controle de temperatura, luminosidade e qualidade do ar; soluções de nanotecnologia para limpeza em substituição ao uso de produtos químicos são algumas das ações que vêm sendo implementadas com sucesso”, diz.
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