Reportagem

Ir de bicicleta ao trabalho proporciona saúde e economia e colabora com a mobilidade urbana

Mais ciclovias, bicicletários e bicicletas compartilhadas impulsionam o crescimento do número de ciclistas nas cidades.

21 de Março de 2019

Alguns quilos a menos, mais fôlego, redução do estresse e da ansiedade, sono com maior qualidade, economia de dinheiro e novos amigos. Esses são alguns dos benefícios que o gerente Guido Sonnino, da área de Gerenciamento de Propriedades da JLL, conseguiu ao trocar o carro pela bicicleta em alguns dias do seu deslocamento para o trabalho.

A mudança de hábito teve início há cerca de um ano e foi gradual, como ele conta. “Comecei alugando uma bicicleta elétrica, por dica de um colega da JLL, e logo percebi que poderia ir pedalando uma convencional.”

Aos 46 anos, Sonnino percorre 24 km por dia para ir e voltar do escritório e diz que a sua relação com a cidade mudou ao trocar de meio de transporte.

“Antes, eu usava carro para tudo, até para pequenos deslocamentos. Agora, com a bike, as distâncias parecem menores. Passei a enxergar a cidade de outra maneira. A bicicleta, além de meio de transporte, é um lazer. Aos domingos, faço passeios que não fazia antes, como pedalar no centro de São Paulo, na Avenida Paulista, ir até o Horto Florestal ou até o zoológico.”

Guido Sonnino, Gerenciamento de Propriedades, JLL

Além disso, o profissional da JLL passou a utilizar mais a infraestrutura do prédio em que trabalha – o São Paulo Corporate Towers, na região da JK, com bicicletário e vestiário, o que lhe garantiu novos amigos com um interesse em comum: a bicicleta.

Como sua rotina de trabalho inclui muitas visitas a clientes, o carro não foi totalmente deixado de lado, mas Sonnino estima uma redução de, pelo menos, 30% com gastos com combustível e estacionamento.

“O mais legal é ser uma corrente contagiante. As pessoas me perguntam como é pedalar para o trabalho, e eu incentivo muito. Faz bem à saúde física e mental, e é divertido. Em vez de ficar parado no trânsito à toa, estou me exercitando. Dá uma sensação de dever cumprido, além de  ser prazeroso”, declara.

Cresce o número de pessoas que vão de bicicleta ao trabalho

Assim como Sonnino, muitas pessoas passaram a usar a bicicleta como meio de transporte para o trabalho nos últimos anos. Em São Paulo, dados da CET (Companhia de Engenharia de Tráfego) mostram que, em apenas um ano, o número de ciclistas que passam pela ciclovia da Faria Lima aumentou mais de 140%: foram 192.186 em janeiro de 2019 ante 79.783 em janeiro de 2018.

O aumento da quantidade de ciclistas acompanha o crescimento da malha cicloviária da cidade. Até agosto de 2014, São Paulo contava com 82,4 km de vias exclusivas para ciclistas. Atualmente, são 468 km de ciclovias e ciclofaixas, de acordo com a CET.

Além da infraestrutura para se deslocar com segurança, outros fatores contribuem para atrair mais gente para o pedal, como a oferta de bicicletas compartilhadas, a exemplo da Yellow, que de agosto a dezembro de 2018 somou 1 milhão de corridas, e do Bike Sampa, com 2.600 bicicletas para aluguel na cidade. Muitas pessoas as utilizam apenas em um trecho de seu deslocamento, integrando-as com outro modal de transporte.

Outros acontecimentos também impulsionam o crescimento das bicicletas: o aumento da tarifa do transporte público, a greve dos caminhoneiros no ano passado, que acabou com os combustíveis nos postos, a queda de um viaduto da Marginal Pinheiros, causando grande impacto no trânsito, entre outros.

A cicloativista Renata Falzoni, referência no assunto, enumera vários benefícios da bicicleta:

  • Não polui o ar;
  • Não faz barulho;
  • Ocupa menos espaço;
  • Não causa trânsito;
  • Traz alegria;
  • Melhora a saúde física e mental e faz diminuir os gastos relacionados a isso.

Para ela, porém, falta valorizar quem opta por deixar o carro em casa para ir ao trabalho ou se deslocar a outro local.

“As ciclovias não têm árvore, não têm bancos para descanso, não têm bebedouro. Quando você chega a algum lugar, tem que prender a bike num poste se não houver bicicletário; ou há casos em que precisa descer três subsolos de estacionamento, respirando um ar viciado e poluído, para chegar até ele. Somos vistos como cidadãos de segunda categoria”, reclama Renata.

Como ter ciclistas e bicicletas bem tratados no trabalho

Nos edifícios comerciais, oferecer bicicletário para ocupantes e visitantes e vestiários com chuveiro e armários é parte da valorização aos ciclistas, segundo Renata Falzoni.

É o caso do São Paulo Corporate Towers, que tem administração da JLL e abriga a sede da empresa.

“O empreendimento tem bem claro os benefícios gerados pela bike. Por isso, oferece estacionamento coberto aos ciclistas com 210 vagas, com sistema de controle eletrônico de acesso, tomadas para recarga de bicicletas elétricas, vestiários com diversos chuveiros e bancos para acomodação dos funcionários, além de secador de cabelo. É legal ver a transformação do ciclista para a roupa formal de trabalho”, diz Maurício Savassa, gerente de Propriedade da JLL responsável pelo São Paulo Corporate Towers.


Ele afirma que cerca de 200 pessoas utilizam a infraestrutura diariamente e que já está prevista uma ampliação. Destaque para a qualidade dos equipamentos: o bicicletário, no primeiro subsolo, é do modelo U invertido, que oferece segurança e estabilidade ao travar a bicicleta pelo quadro.

Renata Falzoni explica que, quando a bicicleta é presa pela roda, corre-se o risco de entortá-la. O modelo ainda facilita a ação de ladrões, que podem soltar o quadro e levá-la sem uma das rodas. “É preciso trazer mais inteligência para os projetos. São detalhes que fazem a diferença na vida dos ciclistas”, argumenta a cicloativista.

Por sua atenção a esses e a outros detalhes, o São Paulo Corporate Towers foi o primeiro empreendimento brasileiro a conquistar a mais elevada pré-certificação de sustentabilidade: LEED Platinum 3.0 Core and Shell.

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