Sustentabilidade vira critério para novos negócios imobiliários com cláusulas verdes no contrato
Empresas comprometidas com metas ESG passam a considerar requisitos ambientais em novas locações e renovações contratuais.
- Agência Tecere
O que antes era considerado um diferencial, como certificações verdes, uso de energia renovável e pontos de recarga para veículos elétricos, agora está se tornando um requisito para fechar novos negócios imobiliários, sejam de venda, locação ou renovação de contrato. Cada vez mais, as empresas comprometidas com questões de ESG querem ter a certeza de que haverá condições de cumprir suas metas no prazo estabelecido e, para isso, a sustentabilidade das suas instalações é fundamental. Mais do que só um plano ou intenção, já existe a inclusão de cláusulas verdes nos contratos.
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“Apesar de as emissões de carbono dos locais de trabalho serem apenas uma pequena parte da pegada de carbono global de muitas empresas, elas integram uma estratégia mais ampla de redução de emissões e são parcela importante no cumprimento das metas e na prestação de contas dos relatórios de sustentabilidade. Por isso, as companhias têm olhado para isso com atenção, buscando formas de otimizar os recursos e de atender à crescente pressão social acerca da sustentabilidade”, diz Luciana Arouca, diretora de Sustentabilidade da JLL.
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A descarbonização do setor imobiliário é fundamental para garantir um futuro mais resiliente e sustentável.
Além de se certificar das condições do imóvel antes de fechar um contrato, os ocupantes querem a garantia de que o empreendimento continuará se atualizando para atender às novas necessidades. Foi isso o que motivou a renovação de contrato da sede da Chiesi, em São Paulo, por exemplo.
Instalada há cinco anos na Torre Sigma do Complexo 17007 Nações, a farmacêutica trouxe para a mesa de negociação da renovação do contrato de locação duas demandas relacionadas às suas metas ESG: pontos de recarga para veículos elétricos, uma vez que a empresa eletrificará boa parte de sua frota executiva nos próximos dois anos, e uso de energia renovável, para manutenção da sua certificação B Corp, de empresa sustentável. Até então, a companhia adquiria o certificado I-REC para esse fim.
“Esses eram requisitos da Chiesi para a renovação do contrato de locação. Durante a negociação, houve o alinhamento dessas demandas com as ações já realizadas e outras previstas por parte da Brookfield, proprietária do imóvel. Já havia o planejamento de obras para os pontos de recarga de elétricos e era possível fornecer o lastro de energia renovável, então foi possível chegar a um acordo”, declara Arouca.
A assessoria integrada da JLL envolveu as áreas de Office Leasing, com o serviço de Representação de Ocupantes, e Sustentabilidade na intermediação da transação.
“Essa abordagem integrada é o diferencial da JLL, pois somos especialistas e sabemos a importância de agregar a sustentabilidade à estratégia imobiliária. O resultado foi o contrato renovado por mais cinco anos, com um anexo que registra os prazos e as condições de uso dos pontos de recarga de veículos elétricos que serão construídos no condomínio”, comemora Rafael Calvo, diretor de Locação na Divisão de Escritórios da JLL.
Critérios verdes são tendência
Essa foi uma transação de sucesso, mas nem sempre é simples combinar a necessidade do ocupante com a disposição do proprietário de investir. No entanto, o que o mercado demonstra é que empreendimentos que não estiverem de acordo com as novas demandas dos inquilinos podem ter dificuldades em se manterem ocupados.
“Muitos proprietários ainda não dão a devida importância para o tema da sustentabilidade. Ou não investem em ações desse tipo ou não sabem comunicar o que estão fazendo a respeito. É importante jogar luz sobre este assunto para aproximar as pontas interessadas”, afirma Arouca.
A seguir, confira os principais aspectos de sustentabilidade que as empresas estão considerando:
1. Certificação sustentável: Certificados como o LEED ainda são importantes orientadores para empresas que buscam sustentabilidade nas instalações e requisitos básicos para empresas com metas ambiciosas de ESG.
2. Consumo de energia: A energia elétrica adquirida para uso da companhia faz parte das emissões indiretas e são do escopo 2, sendo relatadas nos relatórios de sustentabilidade. Por isso, consumir e oferecer lastro de energia renovável é importante.
3. Deslocamentos sustentáveis: As emissões dos deslocamentos dos funcionários representam aproximadamente 10-20% do total de emissões das empresas do setor de serviços. O fácil acesso ao transporte público é, portanto, uma forma de manter baixas as emissões para as empresas sediadas em áreas urbanas. Além disso, dada a adesão aos veículos elétricos, a infraestrutura de carregamento nos estacionamentos dos locais de trabalho é uma consideração crescente.
4. Regulamentos locais: Os regulamentos relativos às emissões e à utilização de energia dos edifícios variam entre diferentes cidades, estados ou países, mas os edifícios que não cumprirem podem enfrentar sanções financeiras, com o risco de esse custo recair sobre os inquilinos. Os danos à reputação são outro perigo de não cumprir a legislação.
5. Proprietários colaborativos: A colaboração estreita entre inquilinos e proprietários é crucial, não apenas na comunicação, mas também na potencial partilha de custos e benefícios relacionados à implementação de iniciativas sustentáveis. Em contratos mais longos, por exemplo, os investimentos podem levar a custos operacionais mais baixos a médio e longo prazo.
6. Espaços verdes: As estratégias integradas de sustentabilidade concentram-se na saúde, no bem-estar e na produtividade dos funcionários, juntamente com a descarbonização. Locais de trabalho com fácil acesso a espaços verdes – terraços com plantas, jardins privados ou mesmo próximos a parques – podem proporcionar uma infinidade de benefícios à saúde, alívio do estresse e produtividade simplesmente por permitir que os colaboradores recebam doses regulares de ar fresco e luz natural.
7. Amenidades para o bem-estar: Amenidades que ajudam os funcionários a relaxar e a permanecer ativos são cada vez mais populares, a exemplo da certificação WELL, que indica que os edifícios são concebidos para oferecer ambientes saudáveis. Na prática, incluem ações como a implantação de uma série de políticas que visam à mudança de hábitos de alimentação para padrões mais saudáveis, o incentivo a prática de atividades físicas e ao bem-estar, políticas de transporte alternativo, incentivo a práticas altruístas, a implantação de novos procedimentos de compras e descarte dos resíduos, entre outras.
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