Reportagem

Como os hotéis franceses estão repensando estilo e espaço

Ideia é romper com regras consagradas e criar estruturas vibrantes para atrair e fidelizar novos hóspedes.

30 de Abril de 2019

O design tem sido importante para a indústria hoteleira atrair novos hóspedes e torná-los visitantes recorrentes. Contudo, nos últimos anos, as novas marcas no mercado elevaram seus padrões para se destacar e conquistar uma nova geração de viajantes que está em busca de experiências exclusivas.

Diante de maiores expectativas dos hóspedes, estabelecimentos tradicionais e grandes cadeias em toda a França estão repensando como usar os seus espaços, bem como as aparências dos próprios hotéis e a sensação que transmitem.

“A ideia é romper com as regras consagradas de design, desconstruir estilos antigos e reconstruí-los de forma moderna para criar estruturas vibrantes e aprimorar o ambiente”, diz Gwenola Donet, diretora da área de Hotéis e Hospitalidade da JLL na França. “Ao redecorar áreas da recepção, quartos e áreas comuns com um estilo que interage com o público-alvo, os hotéis querem mostrar aos hóspedes que podem oferecer uma experiência personalizada e atender até as menores necessidades.”
 

Grands Boulevards é um dos hotéis franceses que têm apostado na renovação


Muitos hotéis parisienses ganharam um novo ar recentemente, como o Grands Boulevards, parte do Experimental Group, construído antes da Revolução Francesa, ou o Bienvenue, de Adrien Gloaguen, com seu bar secreto e design moderno.

Seja com um hotel boutique ou fazendo parte de uma cadeia renovada, o objetivo é o mesmo: tornar-se um lugar onde as pessoas queiram ficar por mais tempo, em vez de apenas oferecer um pernoite. Por esse motivo, lobbies e restaurantes estão cada vez mais abertos para receber tanto moradores quanto hóspedes, ajudando a criar um clima do qual as pessoas gostam de fazer parte.

“Espaços comuns se tornaram lugares de socialização, onde hóspedes e moradores locais são bem-vindos, especialmente durante eventos importantes”, afirma Donet. O Hotel Shangri-La em Paris, por exemplo, inaugurou um bar temporário e sazonal, dedicado à era de ouro da dinastia chinesa Song, com cardápio criado especialmente para a ocasião.

No entanto, renovar um hotel não se trata apenas de mudar a aparência. “Um bom design pode causar uma impressão marcante, porém os hóspedes ainda querem serviços de qualidade e uma experiência única e personalizada”, alerta Donet.

Do luxo ao acessível

Os hotéis sofisticados não são os únicos a repensar como podem criar experiências memoráveis. Muitos dos viajantes que hoje em dia se hospedam em locais de médio e baixo custo também têm grandes expectativas, mas orçamentos menores.

“Não deixa de ser necessário adicionar novas tecnologias e criar espaços elegantes em lugares de custo acessível”, comenta Donet. “A questão é como fazer isso”, pondera.

Alguns hotéis estão optando por quartos menores e espaços comuns maiores, projetados de forma artística, criando mais oportunidades para os hóspedes gastarem com comidas e bebidas.

“A ideia é fazer com que as marcas hoteleiras não lucrem somente com o quarto, mas também com todas as áreas frequentadas pelos hóspedes”, declara a diretora da JLL. “Ao criar espaços comuns de alta qualidade, os hotéis podem oferecer espaços privados menores, uma tendência que também percebemos nos setores de coworking e coliving. O resultado é que os hóspedes têm uma melhor experiência com o dinheiro gasto e os proprietários dos hotéis recebem um retorno vantajoso pelo investimento.”
 

Com design atraente, Mama Shelter expandiu a sua rede a Tolouse


Com o novo design focado em marcas hoteleiras que ingressam na base do mercado francês, a competição está se acirrando rapidamente.

Mama Shelter, que combina áreas de estar e de trabalho de plano aberto com quartos de design atraente, expandiu a sua rede para Toulouse. O Motel One, em Paris, também aderiu a essa mescla, com quartos projetados individualmente e destinados aos viajantes com baixo orçamento.

Grandes cadeias estão atentas

A crescente presença e popularidade dos hotéis ultramodernos fez com que as grandes cadeias pensassem sobre como suas marcas atuais se encaixam no dinâmico mercado francês. Algumas estão lançando novas marcas. O Hilton, por exemplo, dedicou-se aos seus primeiros hotéis “lifestyle” na França – o Canopy by Hilton Paris Trocadero será inaugurado em meados de 2020 e o Canopy by Hilton Bordeaux Chartrons receberá os primeiros hóspedes no início de 2021, ambos projetados para refletir a arte, a cultura e a gastronomia locais.

“Muitas das grandes cadeias de hotéis têm uma imagem um tanto ultrapassada, especialmente entre os consumidores mais jovens. Trazer novas marcas ao mercado francês é a chance de revitalizar sua imagem e atrair novos clientes”, indica Donet.
 

Canopy by Hilton Paris Trocadero será inaugurado em meados de 2020


De fato, conforme o mercado francês evolui para atender as preferências dinâmicas dos viajantes modernos, nenhuma marca pode se dar ao luxo de ficar inerte.