Experiências no espaço de trabalho ajudam a atrair os colaboradores aos escritórios; veja 10 tendências
Relatório da JLL indica o que está em alta nas empresas para aumentar o engajamento, mas é preciso alinhamento com a estratégia para ter resultados.
- Agência Tecere
A consolidação do trabalho híbrido, com 72% das empresas da América Latina adotando o modelo, trouxe novos desafios aos gestores. O principal deles é o baixo comparecimento nos escritórios, relatado por ¼ dessas empresas. Os dados são do relatório Futuro do Trabalho, da JLL, e demonstram a necessidade de as organizações explorarem novas formas de criar valor e proporcionar experiências memoráveis aos funcionários no espaço corporativo.
Segundo a consultoria Gallup, somente 21% dos funcionários estão ativamente comprometidos com o trabalho e o custo anual do baixo compromisso chega a US$ 7,9 bilhões globalmente. Para lidar com esse desafio, as empresas estão inovando para criar momentos especiais e incentivar a presença dos colaboradores.
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“O distanciamento dos funcionários traz muitos impactos às corporações. Aumento da rotatividade, falta de conexão com os colegas e com a cultura organizacional são algumas consequências que refletem diretamente nos resultados do negócio. Por isso, muitas empresas estão investindo para criar experiências memoráveis no ambiente corporativo. Com uma estratégia que considera as pessoas, o espaço físico e a tecnologia, sempre alinhada aos objetivos da empresa, é possível aumentar o engajamento e a satisfação dos colaboradores”, explica Andreza Silva, líder de Workplace e Change Management da JLL.
A seguir, veja 10 tendências em experiências no ambiente de trabalho mapeadas pela JLL. Embora esses pontos indiquem caminhos, Andreza ressalta que nem tudo serve para todas as empresas. “Para saber o que funciona ou não para cada negócio, é necessário fazer um estudo para compreender o perfil dos colaboradores e a sua jornada no espaço de trabalho, desde a chegada até a saída. Assim, podemos criar as melhores experiências nos locais mais adequados, conforme a dinâmica das pessoas, e expor a marca empregadora de forma positiva”, indica.
Tendências de experiências no espaço de trabalho
1. Desenhologia
Desenhologia (em inglês, “designology”) é um enfoque que integra os conhecimentos de distintas disciplinas (sociologia e biologia) para criar soluções que consideram as características sociais das pessoas, suas preferências inatas e o seu bem-estar geral.
Alguns princípios são o design centrado no usuário, isto é, colocar o usuário no centro do processo desde o princípio e levar em consideração suas necessidades e preferências. Outro aspecto é a usabilidade, com espaços que sejam fáceis de usar e úteis. A acessibilidade também é muito importante, criando espaços que sejam acessíveis para quem possui deficiência, seja ela temporária ou permanente. A estética também é considerada, pois o aspecto visual influencia a percepção e a emoção gerada no usuário.
2. Saúde e bem-estar
Cada vez mais, os funcionários esperam por um enfoque mais profundo na saúde. Apesar do aumento do investimento nessa área desde a pandemia, existe um movimento crescente para a adoção de uma abordagem mais profunda, com soluções baseadas na ciência.
Algumas ações simples já contribuem para a promoção da saúde e do bem-estar no trabalho: uma comunicação transparente e aberta, a promoção de pausas ativas durante o dia de trabalho, a demonstração de confiança em vez de controle, o incentivo à integração entre as pessoas com momentos puramente sociais e a criação de uma atmosfera de propósito, em que os colaboradores saibam o porquê de estar ali.
3. Escritórios perfumados
O uso de aromas nos ambientes não é algo novo. Embora utilizado com mais frequência no varejo e na hotelaria, o marketing olfativo tem se tornado uma estratégia de marca das empresas, inclusive nos escritórios.
“É uma solução interessante para evocar sentimentos, sensações, criar uma lembrança do local. No entanto, exige investimento tanto no aroma em si, desenvolvendo ou não uma fragrância própria, quanto na infraestrutura e manutenção dos equipamentos difusores do perfume no ambiente”, pondera Andreza.
4. Espaços para foco
Na transição para o trabalho híbrido, muitas empresas têm visto seus escritórios como hubs de colaboração. No entanto, pesquisa da JLL mostra que os funcionários passam 51% do tempo no escritório trabalhando individualmente e 23% colaborando virtualmente, o que indica que poucos funcionários se dedicam à colaboração ao longo do dia todo. Por isso, é importante encontrar o equilíbrio adequado entre a oferta de espaços de trabalho individual e colaborativo.
Alguns pontos são essenciais para a criação de espaços para foco e concentração. A começar pela privacidade, com um local onde não haja interrupções. A acústica também é importante, com a oferta de áreas de trabalho silenciosas, que minimizem o ruído dos escritórios.
5. Desenhado para a mudança climática
Temperaturas extremas, eventos climáticos severos, diminuição da qualidade do ar, incidência de raios solares nocivos: tudo isso passa a ser considerado no design e uso dos escritórios.
Para lidar com os impactos da atividade imobiliária nas mudanças climáticas, algumas ações estão sendo adotadas, como a reutilização adaptativa, isto é, a inserção de novas atividades dentro de um edifício existente; a reutilização de materiais, que pode reduzir as emissões incorporadas em 50% para remodelações e em até 99% para novas construções; e os edifícios energeticamente eficientes, com sistemas mecânicos, elétricos e hidrossanitários modernos.
6. Escritórios instagramáveis
Espaços decorados especialmente para fotos estão se multiplicando nos escritórios com o intuito de torná-los mais atraentes. Há até um novo termo para isso, o “escritório invejável”, criado por Goldberg e Kode em um artigo de novembro de 2023 no The New York Times. Em alguns casos, isso está diretamente ligado ao negócio, como nos escritórios das redes sociais. Porém, a especialista da JLL alerta que, assim como as outras tendências, essa também não se aplica a todo tipo de empresa.
“Em empresas mais sérias, esse espaço instagramável pode não se encaixar ou até prejudicar a reputação da organização, se for divulgada alguma imagem que revele um aspecto sensível ou confidencial, por exemplo. Além disso, é necessário informar os colaboradores sobre como proceder em relação à divulgação de imagens, o que é permitido ou não fotografar no espaço corporativo”, diz Andreza.
7. Edifícios inteligentes
De acordo com a Worktech Academy, a integração da inteligência artificial (IA) nos sistemas de edifícios trará uma mudança radical. Incorporada aos sistemas de gestão dos edifícios, ela permite que esses sistemas aprendam com o comportamento dos ocupantes e alcancem um novo nível de eficiência.
Alguns dos benefícios da implementação da IA nos espaços corporativos são:
- Aumento de eficiência energética e sustentabilidade, com a otimização e o controle automático da iluminação, ar-condicionado e outros sistemas;
- Manutenção preditiva, em que sensores e análise de dados permitem que falhas ou necessidades de manutenção sejam detectadas antes que ocorram;
- Gestão centralizada, com a integração de dados de diferentes fontes em uma única plataforma, o que facilita a monitorização, o controle e a geração de relatórios para decisões mais assertivas e baseadas em dados.
8. Colaboração virtual imersiva
A tecnologia para reuniões virtuais imersivas se tornará cada vez mais importante. Cerca de 80% dos ocupantes e desenvolvedores imobiliários planejam aumentar seus orçamentos de tecnologia imobiliária nos próximos três anos.
Vários recursos tecnológicos contribuem para elevar a experiência das reuniões na era da colaboração híbrida. As principais são a Realidade Virtual (VR) e a IA, que podem simular a sensação de estar sentado ao lado dos colegas em uma sala de conferências virtual; e ferramentas de colaboração virtual, como quadros brancos digitais para facilitar a criação coletiva, mesmo à distância. “As pessoas estão cada vez mais capacitadas para usar essas tecnologias da forma correta e tirar bons ganhos disso”, afirma a especialista da JLL.
9. E-Gaming
Muitas organizações já têm uma longa trajetória de incorporação de jogos, como pebolim ou tênis de mesa, e a transição para a incorporação de mais tecnologia na forma de e-gaming é uma evolução natural. Os espaços de trabalho estão se adaptando às novas formas de entretenimento e gamificação.
Salas de videogames, jogos colaborativos e jogos de simulação podem ser utilizados para entretenimento dos funcionários, para trabalho em equipe e para capacitação. “É especialmente atraente para as novas gerações que estão entrando no mercado de trabalho. Além disso, ajudam a promover integração entre as pessoas que trabalham à distância”, declara Andreza.
10. Gerente de Experiência
De acordo com um estudo da Worktech Academy, as empresas investirão cada vez mais neste profissional para apoiar a experiência dos funcionários no local de trabalho. Ele analisa as necessidades e expectativas dos funcionários e utiliza essas informações para desenvolver estratégias e programas que otimizam o ambiente físico e social do escritório, promovendo a criatividade, a produtividade e o bem-estar, além de atender às necessidades diárias dos funcionários.
“Ele tem uma atuação mais operacional, voltada à implementação e ao monitoramento da estratégia de experiência dos usuários, com o objetivo de garantir que os colaboradores estejam mais engajados com a empresa”, explica a especialista da JLL.
Vale ressaltar que conhecer as tendências não é suficiente para garantir o sucesso da sua implementação. Por isso, antes de sair agindo, é importante traçar uma estratégia com objetivos e indicadores claros, alinhados com a estratégia da empresa de acordo com o perfil dos funcionários para que os resultados pretendidos sejam atingidos.
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