Reportagem

O design sensorial está ganhando força

As necessidades psicológicas e de segurança física estão impulsionando novas teorias de design.

18 de Janeiro de 2021

Desde certas cores de tinta ou sons que desencadeiam sobrecarga sensorial até a altura das caixas registradoras, o design moderno do edifício visa atender e acomodar a todos.

Mas como tantas outras coisas, a COVID-19 está reescrevendo as regras. Arquitetos e designers estão tendo que se adaptar rapidamente a uma série de novos problemas de segurança, tanto em termos de saúde mental quanto física. Os corredores são muito estreitos para o distanciamento social? Os cheiros de água sanitária e de outros desinfetantes são muito incômodos? Há espaço suficiente na calçada para assentos externos?

“Esses são os grandes problemas e preocupações que orientam o design nos dias de hoje”, diz Amy Sjursen, diretora da Architecture with Big Red Rooster, uma empresa JLL. “A dinâmica de como as pessoas fazem as coisas e como alguém interage com o espaço mudou muito em pouco tempo e continuará mudando.“

Para designers, arquitetos e até mesmo para a sociedade, essa mudança fundamental reformulou a nossa compreensão de inclusão através do design. Espera-se que as repercussões da pandemia sejam abrangentes e superem as preocupações com a saúde física. “Há muitos outros critérios para os quais estamos trabalhando o design”, diz Sjursen. “Há também a parte social e emocional. Temos que perguntar como as pessoas vão lidar com o sentido e com o espaço.”

Empatia, inclusão e design

Projetar edifícios e espaços públicos que funcionam para todos, independentemente das suas necessidades, tornou-se uma prioridade nas últimas três décadas. Em 1990, o American with Disabilities Act (ADA) incentivou os designers a estarem atentos quanto às formas com que as pessoas interagem com ambientes dentro e fora dos edifícios, garantindo que todos pudessem ter experiências semelhantes.

O projeto gerou todos os tipos de novos conceitos em torno do design com empatia. “O que começou com rampas para cadeirantes ou braille nos elevadores agora transformou-se em uma compreensão muito mais ampla sobre empatia no design”, diz Sjursen. “Como podemos usar uma abordagem holística que antecipe a experiência dos outros e crie um ambiente que funcione para as necessidades emocionais e físicas de todos?”

A COVID-19 está se tornando determinante na evolução da área do Design Thinking. Ainda é cedo para tomar decisões de longo prazo sobre espaços que durarão décadas, dado que a legislação e regulamentos sobre construções estão em constante mudança. O quão largos os corredores precisarão ser ou quantos assentos externos os restaurantes e bares precisarão ter, ainda é incerto. No entanto, alguns dos problemas de segurança física e acessibilidade são mais previsíveis.

Sjursen afirma que o aspecto da segurança psicológica do design será muito mais sensorialmente orientado. Ela aponta para a limpeza e a desinfecção frequentes, o que poderia desencadear uma reação psicológica e uma série de emoções desconfortáveis que levariam um consumidor a sair e não retornar. Outra possibilidade é uma pessoa estar na academia e sentir-se insegura devido a preocupações com ventilação ou com o espaço, apesar do lugar estar em conformidade com todos os protocolos de segurança.

Existem ainda as proteções acrílicas, entradas e saídas de edifícios modificadas, sinalização e outras precauções que chamam a atenção para como as coisas mudaram drasticamente.

As indústrias vão adaptar-se de forma diferente e de acordo com variados níveis de urgência. A maioria dos escritórios focou primeiramente em manter seus funcionários fisicamente seguros. Varejistas, restaurantes e outros negócios e serviços essenciais também tiveram que fazer mudanças rápidas. Mas os arquitetos estão rapidamente percebendo que quase todos os espaços públicos precisarão ser repensados e redesenhados pensando na segurança física e psicológica.

“Basta olhar para o segmento de entretenimento. Mesmo a maneira como as pessoas vivenciam a música e os shows está mudando com o conceito de cápsulas”, diz Sjursen. “Tudo está sendo repensado.”

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