Pontos de vista

Flexibilidade dos novos modelos de trabalho chega aos espaços corporativos e aos contratos de locação

Pressionadas por custos, empresas buscam otimizar sua ocupação e seu portfólio imobiliário.

Quais são os impactos da pandemia no mercado imobiliário corporativo? Essa foi a pergunta mais feita pelo setor nos últimos três anos, mas, mesmo após a declaração do fim da Emergência de Saúde Pública pela OMS (Organização Mundial da Saúde), ainda não há uma resposta formulada. A realidade é que o mercado passa por uma disrupção: algumas coisas estão voltando a ser como eram antes e outras estão mudando definitivamente.

A seguir, vamos analisar algumas dessas mudanças e suas consequências para o mercado imobiliário corporativo. 

1. Descentralização da força de trabalho

O home office forçado durante a pandemia mostrou que é possível trabalhar remotamente. Essa possibilidade dá às empresas acesso a talentos em todos lugares, o que leva a uma descentralização da força de trabalho. Na JLL, observamos nossos clientes buscando talentos em regiões próximas a universidades e/ou centros de excelência de seus ramos de atuação, não necessariamente nas capitais ou onde seus escritórios estão baseados. Assim, o futuro do trabalho não está mais restrito aos grandes centros urbanos.

2. Modelos flexíveis

A crescente flexibilidade nos modelos e nas relações de trabalho obriga as empresas a repensar seus espaços corporativos. Dessa forma, elas passam a demandar ambientes mais versáteis, que possam acomodar um número flutuante de ocupantes. Isso se reflete não apenas no design dos escritórios, mas também nos locais em que as empresas decidem se instalar e nos modelos de contratos que buscam firmar.

O conceito de coworking, por exemplo, oferece a flexibilidade necessária para a empresa expandir ou diminuir sua ocupação de acordo com a necessidade. No exterior, os empreendimentos corporativos já aderiram a essa tendência e disponibilizam alguns andares de coworking como opção para os inquilinos, além das tradicionais lajes corporativas. No Brasil, trabalhamos junto aos proprietários a ideia de ter 10% da área de um empreendimento mobiliada, pronta para locação de curto prazo. É uma forma de atrair novos ocupantes e reter aqueles com necessidades de expansão. Cabe destacar que, embora essa estratégia seja uma maneira de aumentar a rentabilidade, exige investimento e não é garantia de locação.

Outra tendência é olhar para locais não convencionais que também podem se tornar espaços corporativos. Em um projeto recente para uma grande fabricante de bebidas, que precisava de salas de reunião para seus representantes comerciais, chegamos à conclusão, junto com o cliente, que a melhor localidade eram sobrelojas de postos de gasolina, pois ofereciam segurança e permitiam acesso 24h.

O mais importante é ter em mente que o modelo de negócio dos empreendimentos corporativos não pode ser o mesmo de 20 anos atrás. O mercado mudou, contratos longos estão se tornando raros, assim como os grandes investimentos das empresas em reformas. 

3. Otimização de portfólio

Considerando que os custos imobiliários são a segunda maior despesa das empresas, atrás apenas de pessoas, é natural que em um momento econômico de crise, com os caixas pressionados, elas tenham a necessidade de otimizar seu portfólio imobiliário.

A otimização do portfólio imobiliário é um processo de análise e ajuste estratégico de investimentos em imóveis com o objetivo de maximizar os retornos e reduzir os riscos. Envolve a seleção cuidadosa de ativos imobiliários, alocação de recursos, gestão de riscos e revisão periódica de desempenho. O processo de otimização do portfólio imobiliário pode incluir a venda de propriedades com desempenho inferior, aquisição de novos ativos, diversificação geográfica ou setorial, ajustes na gestão de propriedades existentes e revisão das estratégias de financiamento.

Nesse cenário, novidades como aluguel de escritório mobiliado ou condições contratuais menos rígidas na locação ajudam empresas a reduzir custos e acompanhar as necessidades atuais de mais agilidade e flexibilidade nos negócios. 

4. Tecnologia

Como não poderia deixar de ser, a tecnologia é cada vez mais uma aliada nas decisões imobiliárias. Seja monitorando o uso dos espaços, facilitando a experiência do usuário, aprimorando a gestão financeira, gerando dados sobre riscos e oportunidades, bem como criando históricos e previsões, ela contribui para aperfeiçoar a gestão imobiliária. Este é um item que está em permanente desenvolvimento e merece atenção constante de proprietários e ocupantes, que buscam por espaços cada vez mais tecnológicos.

Assim, o que vemos é que o mercado tem se adaptado e evoluído. A grande tendência que tem regido as relações é a flexibilidade. É preciso ser resiliente e aberto às novidades, encontrando um equilíbrio entre custos e gestão de pessoas, para permanecer relevante. 

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Roberto Patiño,Diretor de IPS, Work Dynamics
Roberto Patiño
Diretor de IPS, Work Dynamics