IA e consumo de energia desafiam data centers a inovar em meio ao crescimento da demanda
Setor de data center cresce de forma acelerada enquanto lida com desafios e oportunidades trazidos pela IA e pela pressão por sustentabilidade.
- Agência Tecere
De um lado, o aumento exponencial do volume de dados no mundo, o consequente crescimento da demanda por data centers e o altíssimo nível de energia que essas instalações requerem. De outro, a pressão do mercado e da sociedade por ações de mitigação de emissão de carbono para conter as mudanças climáticas. Os operadores de data centers estão enfrentando pressões crescentes para minimizar o impacto ambiental de suas operações, mantendo uma fonte de alimentação confiável. Afinal, pensar em data center sustentável é possível? De acordo com os especialistas da JLL, isso não só é possível, como necessário.
“Data center sustentável é um centro de dados que tenha consumo energético eficiente e com baixa pegada de carbono. O uso de fontes renováveis de energia reduz as emissões de carbono e o impacto ambiental. Além disso, empregar tecnologias que permitam uma operação mais eficiente e eliminem desperdícios, ou seja, mais automação, sistemas de refrigeração modernos, entre outras ações”, define Luciana Arouca, diretora de Sustentabilidade da JLL.
Perspectiva Global do Setor de Data Center para 2024
A IA e a transição para um cenário mais sustentável trarão novos desafios e oportunidades.
A disponibilidade de energia é uma questão fundamental para a operação de data center, tanto quanto a de fibra óptica. A questão da energia é tão crítica que países como Estados Unidos e Holanda estão restringindo a implantação de novos data centers em algumas localidades. Isso abre oportunidades em outras regiões, como América Latina, com destaque para o México e o Brasil, segundo César Mello, head de Projetos e Obras da JLL.
“No nosso país, há a vantagem dos investimentos notáveis em energia renovável. Já há demandas no mercado imobiliário para novos projetos. Nos próximos três anos, vamos testemunhar o crescimento acentuado do setor de data centers no Brasil. Esse planejamento de sustentabilidade para um data center verde tem que nascer antes da escolha do terreno e ser trazido para os projetos desde a sua concepção. Essa é a nossa abordagem na JLL. Isso porque a demanda energética, além de ser o maior custo para implantação, também representa um custo operacional elevado. Reduzir 15%, 20% ou 30% no consumo de energia é uma cifra astronômica para um data center”, afirma o executivo.
No Brasil, o mercado de data center é liderado por Campinas, mas o Rio de Janeiro está se consolidando com novos projetos em implantação. O relatório de Data Center no Brasil, da JLL, traz mais detalhes sobre esse setor no país.
Inteligência Artificial vai transformar setor de data center
O consumo de energia deve crescer cada vez mais com o avanço da Inteligência Artificial (IA) generativa, que requer infraestrutura de TI com alto desempenho e produz muito mais calor. A crescente economia digital e a democratização da IA impulsionam a demanda por mais e maiores data centers.
A maioria dos data centers construídos há 10 anos tinha uma capacidade crítica de carga de TI inferior a 10 megawatts (MW). Hoje, não é incomum ouvir desenvolvedores anunciarem novas construções de 100 MW ou mais. A IA está impulsionando escala extrema para novos desenvolvimentos, com requisitos agora variando de 300 MW a mais de 500 MW.
Com isso, os critérios de seleção de localização mudam drasticamente, com foco mais proeminente na disponibilidade de energia e prazos de entrega. A escolha é estrategicamente orientada para lugares com potência de transmissão disponível, baixos custos de energia e fontes de energia renováveis abundantes, como eólica, fotovoltaica e até hidrogênio.
Mais do que isso, o equipamento altamente especializado necessário para suportar a IA vai transformar o design das instalações tradicionais também por dentro. A começar pela densidade do rack, que é a quantidade de equipamentos de informática instalados em uma estrutura metálica. À medida que aumenta a densidade do rack, com mais equipamentos e maior potência, sobe também a necessidade de resfriamento. Essa é outra mudança significativa, especialmente com a refrigeração líquida, muito mais eficiente que a refrigeração do ar.
Todas essas tendências, assim como os desafios e oportunidades trazidos pela IA e o ESG, são apontadas no relatório Data Centers 2024 Global Outlook, da JLL.
Como ter um data center sustentável
A diretora de Sustentabilidade da JLL diz que é comum as empresas não saberem por onde começar sua jornada de sustentabilidade. Isso é ainda mais frequente nos operadores de data centers, devido à carência de indicadores e métricas no setor.
“O fato de as empresas não saberem o que fazer para serem sustentáveis está atrelado à falta de conhecimento de quais dados utilizar para fazer o acompanhamento de métricas. Nossa consultoria ajuda a definir isso desde a partida: quais informações, qual plataforma usar para controle dos dados e, assim, poder comprovar a veracidade do empreendimento verde. Feito todo esse planejamento e tratamento de dados, podemos buscar uma certificação verde para data center. ISO 14001 e LEED são selos que contemplam também esse segmento”, explica Luciana Arouca.
É verdade que ainda é complicado comprovar o retorno do investimento de algumas iniciativas sustentáveis, mas, de acordo com o head de Projetos e Obras da JLL, é possível desenhar estratégias para trazer métricas que permitam fazer o estudo da implementação.
“Além de indicar um plano de ação, a JLL faz o monitoramento do desempenho para checar se atende ao plano. Além disso, na construção, quando elencamos fornecedores no plano de compras para a obra, tentamos influenciar positivamente a escolha do cliente por empresas que tenham materiais e procedimentos sustentáveis, para impulsionar essa cadeia de valor”, diz Cesar Mello.
Para além dos impactos ambientais do consumo de energia e água, é preciso considerar outros aspectos para ser um empreendimento sustentável. “O óbvio é o ponto de partida, mas é necessário uma visão holística sobre o impacto, não só ambiental, mas também na comunidade do entorno. O que você está tirando para ter seu negócio ali e o que você está devolvendo? Sabemos que existe um tempo de maturação dessas ideias. A transformação acontece aos poucos. É nosso papel educar o mercado e convidar nosso cliente para essas reflexões”, conclui Luciana.
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