O futuro da demanda
global por escritórios
O aumento do trabalho em casa não significa uma menor demanda. Nossa pesquisa identificou quatro fatores principais que terão um papel importante na definição do futuro dos escritórios.
A demanda por espaços de escritórios está intrinsecamente ligada à economia. Em períodos de crise, a demanda por escritórios geralmente diminui à medida que as taxas de emprego caem e as empresas passam a economizar. Sem dúvidas, a pandemia nos levou a uma recessão global e, no curto prazo, haverá um impacto direto na demanda por espaços de trabalho. No entanto, diante do sucesso do trabalho remoto em larga escala, a pergunta que fica é a seguinte: no longo prazo, será que veremos a extinção dos escritórios?
Esta não é uma equação tão direta como frequentemente vemos por aí, já que o aumento do trabalho remoto não equivale diretamente a uma menor demanda por espaços de escritórios. Há diversos outros fatores que precisam ser observados, incluindo densidade, retorno financeiro, produtividade e tecnologia. Antes de examinar esses fatores, vale a pena analisar a função e o propósito dos escritórios, tanto do ponto de vista do empregador como do funcionário.
A discussão atual é muito simplista...
A demanda por escritórios será mais complexa futuramente, com diversos fatores em jogo...
- Taxa de emprego
- Situação de saúde pública
- Diretrizes governamentais
- Custos de Real Estate vs. Talentos
- Nova legislação
- Tecnologia
- Retorno sobre o investimento
- Densidade de ocupação
- Crescimento econômico
- Necessidade de inovação
- Cultura da empresa
- Questão geográfica
- Tendências no design dos espaços
- Métricas de produtividade
- Compartilhamento vs. dedicação
- Comportamento dos deslocamentos
Do ponto de vista do ocupante corporativo, os escritórios oferecem um espaço físico para reunir as pessoas e, assim, coordenar atividades, resultados e desempenho, além de estimular a criatividade. Além disso, os escritórios exibem a marca e a cultura da empresa e têm um papel essencial para atrair e reter talentos. A função dos escritórios continuará evoluindo, impulsionando tendências que destacam a importância da colaboração e da inovação para a produtividade dos funcionários.
Do ponto de vista dos funcionários, os escritórios representam um local para interações presenciais que a tecnologia nem sempre consegue reproduzir, como o contato social, colaboração, orientação e gerenciamento. Mesmo após o recente sucesso do trabalho em casa, os colaboradores ainda afirmam que gostariam de estar no escritório durante a maior parte da semana.
Fatores que moldam o futuro da demanda
Quatro fatores principais terão um papel importante na definição do futuro da demanda por escritórios no curto e longo prazos:
Trabalho remoto:
Trabalhar em casa traz benefícios claros para os funcionários, como não precisar se deslocar e ter horários flexíveis. No entanto, os arranjos familiares e/ou as condições de moradia de algumas pessoas dificultam o trabalho em casa devido a limitações de espaço, falta de privacidade e/ou outras distrações. Além disso, os funcionários sentem falta da interação social que a vida no escritório proporciona. No longo prazo, a manutenção da produtividade fora do escritório ainda precisa ser confirmada e provavelmente dependerá de interações regulares no escritório. A flexibilidade será essencial para a satisfação dos funcionários, e o equilíbrio entre o escritório e o trabalho remoto em qualquer lugar será baseado no indivíduo.
Design do escritório:
Quase não há dúvidas de que a COVID-19 vai acelerar algumas mudanças no design dos escritórios. A mais evidente é a densidade ocupacional. Essa tendência crescente se inverteu rapidamente à medida que as pessoas aderiram ao distanciamento social. Entretanto, quando uma vacina ou tratamento eficaz estiver disponível, é provável que haja um movimento de retorno às densidades registradas antes da COVID-19, mas não completamente, pois saúde e bem-estar continuarão sendo uma prioridade para os ocupantes. Provavelmente, haverá maior foco em espaços que promovam a interação presencial, pois o espaço dos escritórios será redesenhado ou ressignificado de forma diferente das atuais mesas individuais, ocupadas durante o dia todo.
Tecnologia:
É improvável que a tecnologia por si só tenha um impacto significativo na demanda geral por locações. No curto prazo, a adoção de novas tecnologias facilitará o trabalho remoto e também garantirá o bem-estar e a eficiência dos funcionários quando eles retornarem aos escritórios. No longo prazo, espera-se que a demanda dos ocupantes seja direcionada a edifícios comerciais altamente tecnológicos e inteligentes, que possam dar apoio a iniciativas ambientais, de sustentabilidade, de saúde e bem-estar das empresas. Com isso, a demanda por ativos de menor qualidade deve diminuir no longo prazo.
Padrões de deslocamento:
Não precisar se deslocar é o benefício mais citado do trabalho em casa e será uma das questões mais preocupantes no retorno ao escritório, principalmente nas cidades que são altamente dependentes do transporte coletivo. É provável que a reentrada aos escritórios seja mais lenta em muitas delas. Algumas cidades estão enfatizando os benefícios de andar de bicicleta ou a pé. No longo prazo, espera-se que a interação presencial (tanto interna como externa) ainda se concentre em centros urbanos bem localizados e altamente equipados. Esses fatores sustentarão a demanda e o valor dos mercados urbanos com boa infraestrutura de transporte.
A peça final do quebra-cabeça é qual será o foco dessa demanda - os padrões espaciais da demanda por escritórios. As atrações inerentes às cidades em termos de oportunidades econômicas, conexões sociais e qualidade de vida provavelmente prevalecerão, apesar das preocupações no curto prazo em relação ao distanciamento social. As forças que já estavam transformando nossas cidades antes da COVID-19 continuarão impulsionando mudanças e a demanda por escritórios: digitalização e automação, cidade responsável e globalização.
A lógica espacial de nossas cidades e seus arredores evoluirá em resposta à digitalização, novas preferências de moradia e locais de trabalho e demanda por um modelo urbano mais sustentável e resiliente. A tendência da ‘urbanização descentralizada’ ganhará força após a pandemia, com a rápida evolução das redes de cidades hiperconectadas e digitais localizadas no entorno de grandes centros como Nova York, Paris e Tóquio.
A ascensão das regiões urbanas hiperconectadas alterará gradualmente o padrão espacial da demanda por escritórios em direção a um ecossistema diversificado de escritórios, com três elementos principais:
- Demanda crescente em subúrbios habitáveis e bem conectados, e cidades pequenas
- Um núcleo urbano reimaginado e cada vez mais multiuso
- Novos grupos de atividades baseadas na inovação
Considerações finais
A pandemia de COVID-19 teve um impacto extremo e imprevisto em nosso mundo, com consequências marcantes no curto e longo prazos. Haverá uma correção inevitável no curto prazo, à medida que o impacto econômico da pandemia afeta a atividade corporativa como um todo. No entanto, no longo prazo, os escritórios continuarão sendo parte fundamental da cultura corporativa e terão um papel essencial em nosso trabalho e produtividade.
Após a pandemia, no curto prazo, será inevitável um ajuste do mercado de espaços de escritórios, à medida que o impacto econômico afeta a atividade corporativa como um todo. A flexibilidade de trabalhar em casa será altamente integrada à vida profissional, beneficiando funcionários e empregadores. Um maior foco no bem-estar e a redução da densidade, além de melhorias no design para incentivar interações que são difíceis de acontecer remotamente, são elementos que podem mudar e devem compensar a diminuição dos espaços em consequência do aumento do trabalho remoto. O espaço do escritório continuará evoluindo. Os escritórios estão longe de desaparecer e, como resultado dessa crise, terão um papel ainda maior na promoção do bem-estar e da produtividade nas empresas.
Neste estudo, analisamos essas questões amplamente e trazemos algumas reflexões sobre o futuro da demanda por escritórios.
Baixe o relatório completo e saiba mais sobre o futuro da demanda por escritórios: