Reportagem

A COVID-19 está tornando as visitas virtuais em real estate uma tendência do momento?

Visitas virtuais às propriedades oferecem aos investidores e ocupantes uma maneira de superar as restrições nas visitas presenciais durante a pandemia da COVID-19

26 de Abril de 2020

As visitas virtuais, uma tecnologia nova mas em ascensão antes da crise, estão rapidamente ganhando visibilidade em tempos de lockdown — e podem se tornar um pilar do processo comercial nas transação imobiliárias.

Para muitos profissionais do setor imobiliário que estão atualmente trabalhando remotamente, ferramentas virtuais, de drones e imagens do Google Street View à visitas 3D amplamente adotadas pela Matterport, estão sendo usadas nos estágios iniciais do processo de compra ou locação para ajudar a identificar oportunidades que valem a pena.

“O interesse pelas visitas virtuais aos imóveis realmente aumentou com a COVID-19, uma vez que as viagens ficaram restritas”, explica Edward Parry-Jones, diretor de dados da equipe de mercados de escritórios da JLL em Londres. “Desde o início, pudemos ver como os lockdowns na Ásia estavam se tornando um catalisador significativo aqui, voltando a atenção para soluções virtuais em um curto espaço de tempo.”

Vida antes da COVID-19

Antes do surto da COVID-19, as visitas virtuais eram, em grande parte, domínio do setor de locação residencial, embora tivessem uso limitado entre os ocupantes comerciais e investidores.   

“As visitas virtuais estavam começando a ganhar força no setor comercial, especificamente usadas por investidores estrangeiros ou empresas que buscam uma pré-seleção”, diz Alex Edds, Diretor de Inovação da JLL. “No entanto, a maioria dos clientes ainda queria ver a propriedade pessoalmente.”

As atitudes mudaram significativamente em apenas alguns meses.

“Alguns vendedores podem ter errado por excesso de cautela, preferindo evitar visitas virtuais em favor da interação humana, talvez duvidando da seriedade de um comprador caso não estivesse disposto a ver pessoalmente”, diz Parry-Jones. “Não é mais o caso, pois a indústria se adapta por necessidade.”

Levando as visitas virtuais ao próximo nível

Assim como os videogames cada vez mais sofisticados, as visitas virtuais, que também têm suas raízes na indústria de jogos de computador, estão se desenvolvendo em ritmo acelerado.

Lições de outros lugares estão sendo aprendidas rapidamente, como o uso de fones de ouvido 3D e Realidade Virtual (VR) amplamente usado pelo setor residential para ajudar a dar vida aos espaços internos e visualizar as áreas ao redor.

“O próximo passo será ver como as ferramentas existentes podem incorporar fatos e dados à visita virtual”, diz Edds. “Novas ferramentas estão surgindo o tempo todo e, à medida que a tecnologia avança, devem influenciar nos prazos de decisão em real estate. O típico processo de três a seis meses poderia ser acelerado.”

O pacote NXT da JLL, por exemplo, usa ferramentas de aprendizado de máquina, tecnologia de visualização de dados e filmagens reais para permitir que investidores e ocupantes identifiquem e saibam mais sobre edifícios que atendam aos seus critérios específicos em tempo real. Isto pode tornar o processo mais rápido, além de ser mais sustentável do que as visitas locais.

“É esse tipo de tecnologia inovadora que impulsionará o mercado, apoiará os clientes em suas decisões estratégicas e ajudará a melhorar a transparência”, diz Sandrine Garofalo, líder de suporte em NXT da JLL em Paris.

Outras ferramentas tecnológicas estão proporcionando aos investidores e ocupantes uma visão ainda mais detalhada dos edifícios. O uso de ferramentas baseadas em laser, como o LIDAR, que funciona de forma semelhante ao software de reconhecimento facial, pode se tornar mais comum ao pesquisar e avaliar propriedades.

Uma nova obrigação em real estate?

No entanto, a sofisticada tecnologia também precisa de uma conectividade sólida por trás — lugares próximos as redes 5G podem ajudar.

“As visitas virtuais consomem muitos dados e precisam de vários participantes; isso significa que é necessário um maior grau de suporte técnico, geralmente de um coach digital”, diz Garofalo. “É especialmente verdade quando muitas pessoas estão online ao mesmo tempo — como temos experimentado nas últimas semanas.”

Embora as visitas virtuais sejam uma necessidade enquanto as viagens permanecem restritas, elas poderiam ter provado o seu valor em apenas alguns meses para garantir um lugar de longo prazo no processo de tomada de decisões.

“O resultado do aumento atual na demanda por visitas virtuais é que, embora as visualizações sejam sempre necessárias para a decisão final, permite que decisões complexas se tornem decisões simples”, diz Parry-Jones, que acrescenta que os investidores não pararam completamente os procedimentos e estão se adaptando rapidamente. “Os céticos não são mais céticos.”

No entanto, a necessidade de visita ao local permanece. “Nenhum investidor ou ocupante assinaria um grande negócio sem ver o edifício pessoalmente”, diz Edds. “Mas à medida que o setor imobiliário se torna mais digital e as pessoas se tornam mais confortáveis com novas tecnologias, elas confiam mais.

“Veremos uma mudança na forma como as coisas são tradicionalmente feitas nos próximos anos”, conclui.