Cinco maneiras que explicam como a IA está criando uma nova demanda no mercado imobiliário

Grande parte da atenção em torno da inteligência artificial generativa (IA) se concentrou em seu potencial transformador. Para o mercado imobiliário, no entanto, a capacidade analítica da IA e seu poder de descobrir novos caminhos de demanda por espaço é o que está despertando interesse.

“A IA tem um enorme potencial para remodelar o mercado imobiliário, com impactos de curto e longo prazos que vão desde o surgimento de novos mercados e tipos de ativos até inovações em modelos de investimento e receita”, diz Yuehan Wang, Pesquisadora Global de Tecnologia da JLL. “Um ecossistema de IA em rápida expansão e sua infraestrutura de suporte impulsionarão uma nova demanda por imóveis em diferentes mercados em todo o mundo”, completa.

As expectativas são altas entre investidores, desenvolvedores e ocupantes pesquisados pela JLL, que acreditam que a IA e a IA generativa estarão entre as três principais tecnologias com maior impacto no mercado imobiliário nos próximos três anos.

A seguir, estão as cinco principais áreas em que a demanda está surgindo devido ao rápido desenvolvimento da IA.

1. Clusters de IA em mercados de tecnologia estabelecidos

A necessidade de conjuntos de habilidades especializadas só aumentará com o advento da IA. A guerra por talentos já está impulsionando a tomada de decisões de empresas e investidores de IA sobre a melhor forma de estabelecer operações.

Empresas têm surgido em mercados estabelecidos, geralmente em grandes centros de tecnologia e nas proximidades das principais instituições acadêmicas, para explorar o ecossistema tecnológico e uma safra de engenheiros de IA e talentos técnicos prontos para o negócio.

Um exemplo é a OpenAI, desenvolvedora do ChatGPT, que recentemente anunciou Londres como seu primeiro centro internacional para desenvolver tecnologia e políticas de IA. Em Taiwan, a fabricante terceirizada de eletrônicos Wistron construiu uma nova fábrica para produtos de IA, 5G, servidores e computação em um parque empresarial em Hsinchu, o principal centro tecnológico da cidade e lar dos maiores fabricantes de chips do mundo.

Enquanto isso, outros mercados estão usando o mesmo manual para atrair investidores. Em Xangai, o governo municipal está construindo um cluster de IA como parte de um plano de três anos para aumentar sua produção em 28%, para 1,8 trilhão de yuans (USD 251 bilhões).

2. Desenvolvimento de data center

As enormes necessidades de processamento e armazenamento de dados da IA colocaram o desenvolvimento dos data centers no centro das atenções. “À medida que a tecnologia de IA generativa se torna mais integrada à nossa vida cotidiana, o apetite por dados inevitavelmente aumentará”, comenta Christopher Street, diretor de Data Center da JLL para a Ásia-Pacífico.

Globalmente, espera-se que o número de sites hyperscale em desenvolvimento dobre até 2024 (500 sites há cinco anos), segundo dados da JLL (conteúdo em inglês). “Vimos um aumento substancial no tamanho dos edifícios do campus, com construções acima de 100 megawatts se tornando comuns, em comparação com o passado, quando uma exigência de 20 megawatts já era considerada grande”, explica Street.

Essas novas construções também estão ficando mais ecológicas à medida que os operadores são pressionados a lidar com o impacto ambiental dessas instalações. Isso está impulsionando uma maior ênfase na sustentabilidade e eficiência energética por meio de melhorias na tecnologia e da adoção de energia renovável nessas instalações.

3. Edifícios inteligentes com tecnologia IA

Edifícios com tecnologia IA estão se tornando o novo normal, à medida que os desenvolvedores contam com tecnologias inteligentes para oferecer edifícios com alto desempenho de sustentabilidade.

“Com todos os aplicativos generativos de IA, a chave para proprietários e usuários do mercado imobiliário será criar as instruções certas para conectar insights sobre elementos essenciais, como experiência humana, desempenho imobiliário e sustentabilidade, para aprender e abordar novas oportunidades”, diz Albert Ovidi, diretor de Capital Markets da JLL para a Ásia-Pacífico.

“Outra oportunidade importante é integrar ainda mais a IA às tecnologias existentes, como robótica, drones e humanos digitais, com foco em melhorar o feedback e a comunicação com o edifício e seus usuários”, completa.

Por exemplo, o One Taikoo Place de Hong Kong usa IA para identificar, interpretar e integrar dados de sistemas, diferentes equipamentos e dispositivos do edifício. A torre de escritórios Grau A proporciona economias de energia por meio de manutenção preditiva e melhorias no fluxo de trabalho operacional. Mas não é apenas em edifícios de escritórios que se espera que a IA esteja presente.

“Já existem soluções sofisticadas de IA usadas em supply chains, mas não necessariamente em termos de real estate”, diz Ovidi. “Novas tecnologias podem aprimorar a análise do papel dos galpões e determinar onde estabelecer a produção e a distribuição.”

4. Novas oportunidades de investimento e receita

A IA está sendo cada vez mais implantada para acelerar o ritmo das transações e desbloquear análises detalhadas de propriedades para investidores. A capacidade da IA de escanear dados e encontrar padrões significativos com rapidez quer dizer que ela pode oferecer recomendações valiosas alinhadas aos objetivos, à tolerância ao risco e às condições do mercado para o investidor.

Um exemplo é a plataforma Capital Markets Quants da JLL (conteúdo em inglês), baseada em IA e machine learning. Ao analisar dados de mais de 1,25 milhão de propriedades transacionadas globalmente nos últimos 20 anos, a plataforma prevê mudanças e oportunidades de real estate que ajudam os consultores a otimizar as estratégias de portfólio de seus clientes.

Os operadores de coworking também estão encontrando novos fluxos de receita com a IA. Os dados coletados e analisados por algoritmos de IA podem ajudar a prever a demanda futura de espaço para otimizar o uso de energia e planejar a utilização do espaço com mais eficiência, o que potencialmente abre novas portas para expansão.

5. Design orientado pela experiência e funções espaciais

Os avanços em IA estão transformando o local de trabalho, permitindo uma melhor experiência humana e um maior grau de personalização no ambiente do escritório. Por exemplo, na sede da Microsoft em Redmond, a IA coleta e analisa os dados coletados dos sensores nos padrões de comportamento dos funcionários para antecipar as necessidades e ajusta automaticamente os fatores ambientais, como temperatura, iluminação e altura da mesa, com base nas preferências individuais.

Um estudo recente entre a JLL e a empresa de neurociência EMOTIV vai um passo além ao analisar dados cognitivos para transformar o design do espaço de trabalho. “O que a IA é capaz de conectar os dados cognitivos que coletamos dos usuários aos dados físicos sobre padrões de uso e comportamento humano antes de entendê-los e recomendar melhores informações sobre como podemos administrar escritórios”, diz Ovidi.

Com os recursos da IA, Ovidi acredita que as expectativas dos funcionários em relação à personalização e à experiência do espaço de trabalho só aumentarão.

“O local de trabalho deve se alinhar à experiência das pessoas de que a tecnologia em suas vidas diárias é pessoal, útil e fácil. E acredito que a IA pode ajudar a atender a essa expectativa”, explica ele.