Equilíbrio: o desafio da liderança para o avanço da agenda ESG nas empresas

“Grande parte das lideranças entende que essa agenda compete com o negócio, mas não, é uma questão de sobrevivência para as empresas. Práticas ambientais antes aceitas hoje podem ser consideradas crimes ambientais. O perfil da sociedade está mudando rapidamente. As novas gerações e novos consumidores têm uma relação diferente com o meio ambiente. Da mesma forma, preconceitos não são mais socialmente aceitos”, afirma Botelho.

E onde entra a governança em tudo isso? Luciana Arouca, Diretora de Sustentabilidade da JLL, responde. “Governanca é o pilar de sustentação para que possamos viabilizar as melhores práticas sociais e ambientais. Por meio de uma governança bem estruturada, o C-level pode impactar de forma positiva todos os colaboradores, mesmo nas empresas com milhares de funcionários.”

Se a liderança tem o papel de guiar a empresa nessa mudança de visão, é a cultura organizacional que vai garantir que os processos cotidianos estejam alinhados à agenda ESG em todos os níveis da organização. Mais do que engajar colaboradores, uma cultura organizacional forte é capaz de influenciar todo o mercado. 

“A partir do momento em que você se relaciona com uma empresa e a cultura dela faz sentido, você passa a viver com mais força aquela cultura, para além dos muros corporativos. O tema ganha força, fluidez e não há como parar este movimento. A empresa se torna parte de uma evolução e acaba influenciando sua cadeia, seus concorrentes, todo o mercado”, destaca Arouca.

A sustentabilidade nas empresas é uma jornada que precisa combinar ações imediatas com visão de futuro. Na prática, os líderes encontram o desafio de conectar o planejamento de longo prazo à necessidade de resultados de curto prazo. 

“É uma questão de equilíbrio. Empresas com fins lucrativos têm obrigações com os acionistas, precisam prestar contas trimestralmente. Mas não se trata de rentabilidade a qualquer custo. Nosso foco é criar um futuro equilibrado para a sustentabilidade dos negócios e das gerações futuras”, analisa Maceira.

Nesse cenário, o perfil de liderança também muda e passa a ser mais abrangente, exigindo habilidades comportamentais (soft skills) principalmente no relacionamento com pessoas, segundo Botelho. “A quantidade e a velocidade das informações nos dias atuais nos faz ter que exercitar a capacidade de depurar, de filtrar o que realmente é relevante. Outro desafio é lidar com problemas complexos”, pontua.