Volta aos escritórios se intensifica e aumenta a demanda por espaços corporativos de alto padrão em São Paulo
Edifícios boutique, retrofit e flight to price são tendências neste momento de recuperação do mercado.
- Agência Tecere
Depois de um primeiro semestre de aquecimento para o segmento de escritórios de alto padrão em São Paulo, o terceiro trimestre reforçou esse cenário. Alguns dos índices mais representativos, as absorções bruta e líquida foram recorde do ano, enquanto taxa de vacância apresentou queda. Os dados são do relatório First Look, da JLL.
Alguns fatores contribuem para esse cenário, analisa Rafael Calvo, diretor de Locação na Divisão de Escritórios da JLL. “A volta ao trabalho presencial está se intensificando, com o aumento da frequência nos escritórios. Grandes empresas têm pedido para os funcionários retornarem, o que impacta na demanda por espaços corporativos, já que, durante a pandemia, muitas delas reduziram sua área ocupada.”
First Look Escritórios | São Paulo
Nos relatório produzidos pelo nosso time de Pesquisa e Estratégia, reunimos as principais informações, dados e insights sobre o desempenho do setor de escritórios.
Além disso, a melhora da economia anima empresários e investidores. “Quando a economia cresce, as empresas contratam e demandam mais. Já temos percebido o início desse crescimento orgânico, inclusive de empresas de fora vindo para o Brasil. Nos últimos trimestres, tivemos demandas relacionadas ao setor financeiro, de empresas chinesas e também de tecnologia. As big techs viveram uma crise no início do ano, mas estão reativando planos de crescimento”, pontua.
Principais movimentos do mercado paulista
Cada região da cidade apresenta cenários distintos nessa recuperação do mercado. Confira a seguir os principais movimentos:
Faria Lima e JK - “ilhas” de prosperidade: região tradicionalmente ocupada pelo mercado financeiro, agora é disputada também pelas grandes empresas de tecnologia e vive dias de glória com alta demanda e vacância muito baixa, em torno de 6%.
“Na região da Nova Faria Lima, onde estão concentrados os novos empreendimentos, a média de valores pedidos está acima de R$ 200/m². Alguns edifícios boutiques em construção já pedem acima de R$ 300/m²”, diz o especialista da JLL.
Flight to Price na Berrini/Chucri e em Alphaville: com a pandemia, essas regiões ficaram desfavorecidas pela sua localização. Na Berrini/Chucri, a alta oferta contribui para deixar a taxa de vacância ainda mais alta. Porém, com os preços altos na Faria Lima e JK e os proprietários pedindo revisionais de contrato nesses endereços, muitas empresas fazem o flight to price para Berrini/Chucri. O motivo é porque lá encontram ativos de qualidade e ótima infraestrutura para o público corporativo, com hotéis, serviços e transporte, por menos da metade do preço.
É a mesma razão do “renascimento” de Alphaville. “No último trimestre, foram 18 absorções em Alphaville. Apesar da vacância de 30%, tem ativos de primeira, com preços atrativos. É uma boa opção para indústrias que estão no interior”, comenta.
Reascensão e retrofit da Paulista: a localização e a facilidade de acesso são os diferenciais da Avenida Paulista neste cenário em que as empresas precisam atrair os colaboradores de volta aos escritórios. É o endereço procurado por empresas menores, que não precisam de grandes lajes corporativas.
“O estoque é antigo e praticamente não há espaço para lançamentos, por isso, o retrofit é a saída e a bola da vez”, destaca o especialista.
Desenvolvimentos na Rebouças: a Avenida Rebouças é o novo corredor de desenvolvimento e se destaca com edifícios boutique e empreendimentos de uso misto, com fachada ativa para o varejo. Os edifícios boutique ganharam destaque com a implantação do trabalho híbrido, quando as empresas passaram a ocupar menos espaço e a priorizar locais mais confortáveis, aconchegantes e integrados. A proposta também se alinha às preferências dos millennials, que valorizam qualidade de vida.
“É o exemplo perfeito de integração, onde você pode morar, trabalhar, ter vida social, ter acesso a transporte”, diz o diretor da JLL.
Modelo turnkey: também conhecido como plug and play ou, em português, chave na mão, é a locação de espaços mobiliados. Novidade no Brasil, a prática é comum no exterior e traz vantagens como economia de Capex. “Hoje, a maioria dos clientes pede escritório mobiliado e customizado. Para os proprietários, é uma forma de tentar atrair ocupantes e se diferenciar onde há muita oferta”, explica.
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