Reportagem

Os impactos iminentes da redução das viagens corporativas

Como as preocupações com a saúde e a redução de custos estão trazendo mudanças a longo prazo para as viagens corporativas.

16 de Outubro de 2020

As proibições relacionadas às viagens proliferaram em países ao redor do mundo durante a pandemia. Mas, mesmo quando os governos começam a diminuir as restrições, as empresas estão fazendo mudanças mais permanentes nas viagens corporativas.

Mais de dois terços das empresas globais na Ásia-Pacífico pretendem limitar permanentemente as viagens corporativas, de acordo com uma pesquisa da JLL. Enquanto isso, mais da metade dos entrevistados em uma pesquisa com os executivos da Fortune 500 mostraram que as viagens não retornariam aos níveis pré-COVID, de acordo com a pesquisa da revista Fortune.

“A COVID-19 colocou a saúde e a segurança dos funcionários no centro das atenções. Isso se estenderá a todos os aspectos da vida corporativa, incluindo as viagens de negócios”, diz Kamya Miglani, diretor de Corporate Solutions Research da JLL Ásia-Pacífico. “Haverá uma exigência maior na avaliação da necessidade e o propósito da viagem”, completou.

Economia e eficiência

Tem sido mais difícil para as empresas relaxarem as regras por causa das quarentenas e auto-isolamento, bem como as segundas ondas de infecções. Mas não são apenas fatores de saúde que estão em jogo.

A videoconferência mudou a necessidade de reuniões presenciais. À medida que a força de trabalho acostuma-se a reunir-se virtualmente, há menos motivos para colocar os funcionários em um avião para viagens que duram apenas alguns dias, analisa Miglani.

As reduções de custos resultantes são atraentes, enquanto a economia global prepara-se para mais dificuldades.

“Essa perspectiva econômica é ainda mais atenuada pelo medo de uma segunda onda e pela falta de vacina”, comenta Kamya Miglani, diretor de Corporate Solutions Research da JLL Ásia-Pacífico. “As empresas ainda estão em um período de recuperação prolongado que afeta o crescimento e a continuidade. Cortar as viagens corporativas é uma forma fácil de minimizar os custos durante este período. Não será uma surpresa ver reduções permanentes em viagens corporativas pós-COVID.” 

Impacto na vida corporativa

A redução das viagens corporativas pode significar mais funcionários no escritório, mas é improvável que apresente mudanças significativas para o segmento de real estate. O número total de funcionários no escritório é apenas um fator que afetará a demanda por espaço, diz James Taylor, Head of Corporate Solutions Research, JLL Ásia-Pacífico.

“Os escritórios já estavam mudando na fase pré-COVID”, diz Taylor. “Após a pandemia, provavelmente haverá mais investimento em tecnologia, o que facilitará tanto a colaboração no escritório quanto no trabalho remoto. As ferramentas técnicas também são susceptíveis de servir como uma alternativa às viagens de negócios a médio prazo.”

No entanto, também pode haver algum impacto negativo no lado psicológico. Em muitas organizações, as viagens corporativas são vistas como um benefício. E para alguns, o valor de uma reunião presencial não pode ser substituído, especialmente quando se trata de desenvolver relacionamentos ou parcerias. Haverá, ainda, a necessidade de rever os parâmetros para viagens corporativas, colocando a saúde dos funcionários em primeiro lugar. 

"Há muito tempo, as viagens têm sido parte fundamental dos negócios para algumas atividades, mas as viagens corporativas, como muitas outras faces da vida corporativa, terão que se ajustar a uma nova realidade, com um foco renovado na saúde e bem-estar e na adoção e uso de tecnologia", finaliza Taylor.

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