Reportagem

Trabalho híbrido: quatro estratégias para atrair os colaboradores de volta ao escritório

O que o RH pode fazer para convencer os colaboradores de que sair de casa para trabalhar na empresa é um bom negócio.

26 de Maio de 2022
Autores:
  • Bruna Martins Fontes

A pandemia de COVID-19 mudou profundamente a nossa rotina de trabalho. Para muitas pessoas, o home office se tornou não só um hábito, mas também uma preferência. Tanto que a maioria dos brasileiros (58%) que estão trabalhando no formato híbrido afirma que, em 2022, prefere o trabalho totalmente remoto, revela o Índice de Tendências do Trabalho da Microsoft.

Nesse cenário, líderes e gestores de RH se veem diante de um desafio: como atrair os funcionários de volta ao escritório? No Brasil, 47% dos gestores já exigem ou planejam exigir o retorno ao trabalho presencial, mas apenas 31% têm um acordo claro para definir em que momento as pessoas realmente precisam estar na sede da empresa, segundo a pesquisa da Microsoft.

“Assim como as pessoas e as empresas tiveram que reorganizar a sua rotina para o trabalho remoto, o mesmo acontece com o retorno presencial, seja total ou parcial”, afirma Érika Ribeiro, diretora de Recursos Humanos da JLL. “O problema é quando os gestores decidem que é preciso voltar para o escritório sem apresentar um propósito para os funcionários. O retorno desprovido de propósito, provavelmente, vai gerar um  desconforto e também resistência.”

Refletir sobre o propósito da volta aos escritórios é o primeiro passo. Confira, a seguir, quatro estratégias que os gestores de RH podem adotar para atrair os colaboradores de volta ao escritório.

Defina o propósito do retorno

Depois de dois anos de home office, 85% dos brasileiros se sentem tão (ou mais) produtivos em casa quanto no escritório, aponta a Microsoft. Ou seja, é preciso ter um bom argumento para trazer essas pessoas de volta à empresa.

“Quando as pessoas foram trabalhar em casa, havia um propósito: prezar pela saúde e pela segurança de todos. Por isso, mesmo quem tinha resistência a esse modelo entendeu que aquilo era necessário. Quando se faz o movimento inverso sem apresentar o propósito, é um chamado vazio, autoritário, que não cabe mais”, pondera Erika.

A comunicação da volta aos funcionários, portanto, deve deixar claro qual é esse valor. “Trabalhar remotamente traz conforto, mas sabemos que nem todas as atividades podem ser realizadas à distância. O relacionamento interpessoal estimula a criatividade, o trabalho em equipe e cria laços afetivos. Ir para a empresa reconecta as pessoas, fortalece os times e faz bem para a saúde mental. São esses aspectos que geram propósitos ao retorno presencial”, explica Erika.

Ofereça qualidade de vida

Outro ponto importante é oferecer algo positivo para as pessoas irem trabalhar no prédio da empresa (e não no conforto de casa). “Hoje é preciso ir muito além do cafezinho no térreo do prédio. É preciso mostrar que as pessoas conseguem resolver, perto da empresa, tudo o que estavam resolvendo perto de casa”, completa Yara Matsuyama, diretora de Locação na Divisão de Escritórios da JLL.

“Estamos vendo um movimento das empresas para facilitar a vida de seus funcionários, implementando comodidades que agregam valor, como parcerias com mercados próximos ao local de trabalho e serviços de cuidados pessoais nos escritórios ou edifícios. Essas iniciativas estimulam as pessoas a voltar ao trabalho presencial, pois, ao mesmo tempo que há a interação humana no ambiente de trabalho, também há a facilidade de resolver questões pessoais”, analisa a diretora de Recursos Humanos 

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Pensar no bem-estar dos trabalhadores é um fator que pode efetivamente virar o jogo. De acordo com a pesquisa da Microsoft, 71% dos entrevistados no Brasil disseram priorizar sua saúde e o bem-estar sobre o trabalho — uma cifra bem acima da média registrada nos 31 países avaliados, que foi de 53%.

Torne os espaços mais convidativos

Para que as pessoas possam efetivamente se integrar, é preciso também repensar o espaço físico da empresa, uma vez que o valor de ir até lá é justamente poder resolver problemas mais rapidamente com a equipe e conviver com os colegas.

“A decisão de ir ao escritório está muito mais atrelada a estar em contato com outras pessoas da equipe do que a ter um lugar para trabalhar. O que temos visto é uma maior necessidade de interação para contribuir com novas ideias e resolver as coisas mais rapidamente”, diz Yara. “Antes de fazer uma reforma, é preciso questionar se ela está ligada a um propósito, como abrir e aumentar as áreas de convivência.”

Reavalie os serviços

Dentro do escritório, é interessante reavaliar os serviços oferecidos, como os de alimentação, para saber se estão em linha com o que os funcionários desejam em termos de preço e qualidade.

“O RH está  cada vez mais se envolvendo em temas que, antigamente, eram destinados apenas a Facilities. Hoje, a mentalidade está caminhando para uma atuação integrada, focada na experiência do usuário e em como é possível atraí-lo para o escritório”, afirma Roberta Hodara, diretora de Workplace & Change Management da JLL.

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