Inovação e melhoria da relação “phygital” serão chaves para o futuro dos shoppings
Em plena recuperação, setor deve considerar o maior aprimoramento dos espaços sem deixar de lado as novas demandas dos consumidores.
Passado o período mais crítico e os impactos diretos da pandemia de COVID-19, os shopping centers já presenciam desde 2021 uma recuperação gradual e um crescimento contínuo das vendas. Entretanto, após conviver com o maior “stress-test” já realizado no setor, com análises de fluxo a cada três dias, por exemplo, o principal ponto que norteia as discussões remete ao futuro: como serão os shoppings daqui para a frente?
Apesar de parecer um quebra-cabeça projetar os próximos passos do setor em meio a um cenário em que as vendas online se consolidam cada vez mais e os hábitos de consumo estão claramente mudando, duas peças-chave devem ser levadas em consideração ao planejar a importância desses espaços: inovação e experiência do consumidor.
Está claro, portanto, que, embora sejam locais com uma alta taxa de conversão em comparação ao online, os shoppings devem interligar e potencializar a relação do ambiente físico com o digital. Dessa forma, o “phygital” será o fiel da balança nessa complexa equação. Agregar deve ser uma palavra de ordem para oferecer não apenas o melhor produto, mas também a experiência mais enriquecedora ao consumidor.
Físico e digital: a combinação mais do que necessária
É normal que os smartphones, hoje, reúnam diversos aplicativos de compra online. Mas serão esses apps que decretarão o fim das lojas físicas e, consequentemente, dos shoppings? Não! Resumidamente, essas novas ferramentas – extremamente relevantes para consolidar os novos hábitos de consumo – também podem ter a missão de “manter” os estabelecimentos abertos 24h por dia, atendendo a uma demanda crescente dos consumidores, que desejam comprar a qualquer hora.
Coloquemos na conta um fator importante para entender o motivo pelo qual os apps devem ser considerados agregadores, e não protagonistas: o preço. Nessa equação, é preciso considerar o custo de ocupação digital em um marketplace, por exemplo, assim como o de uma ocupação física. Mas, ainda que o custo seja, de certa forma, desconsiderado, há outro determinante: a experiência. Todos percebemos, durante a pandemia, os efeitos do distanciamento social. Os shoppings, além de locais de compra, são espaços de convivência incorporados à sociedade.
A força natural do setor, ainda mais no Brasil, já existe e deve ser potencializada com estímulos de compra. Prova disso é que muitas plataformas online e marcas destinadas apenas para o digital investem em ações comerciais dentro de shoppings, um movimento que aumentou desde a reabertura dos espaços. Essa adaptabilidade do setor é uma característica importante e faz desses locais “corpos em constante transformação”.
Apenas compras? Shoppings já deixaram esse conceito há muito tempo
Há algum tempo que os shoppings deixaram de ser apenas centros de compras. Inclusive, esse aspecto, se não já considerado secundário, mostra-se cada vez mais dependente de outros dentro dessa complexa estrutura em que as lojas estão inseridas. Restaurantes são, possivelmente, a espinha dorsal, além de salões de beleza. Mais recentemente, temos visto um aumento do número de clínicas médicas, por exemplo. E o que esperar para o futuro?
Se não há uma resposta certa para qual será a próxima novidade, a verdade é que a oferta de serviços deixou de ser uma tendência e já se tornou uma realidade dentro do setor. Atender a diversas necessidades e oferecer uma experiência contínua é providencial, gerando um consequente fluxo positivo para todas as áreas de um shopping, entre elas as lojas.
Além da maior oferta de serviços, o melhor aproveitamento dos espaços ociosos também é uma alternativa não só para a atração de clientes, como para aumento da receita. Locais como os estacionamentos, que normalmente acumulam diversas vagas inutilizadas, podem ser alugados para a realização de eventos, estimulando também o tráfego posterior para o espaço interno.
Os shoppings estão inseridos e desempenham uma função social importante na cultura do povo brasileiro. A rápida recuperação após o período mais crítico da pandemia e a reabertura dos espaços de convivência mostram que esse setor não será deixado de lado, mas nem por isso basta manter tudo como era antes. A tecnologia deve estar inserida na experiência de compra, e a forma como as pessoas se relacionam com esse tipo de espaço deve ser aprimorada sempre para estar em linha com as aceleradas mudanças nos hábitos de consumo. Se os clientes do futuro serão as crianças de hoje, que já nasceram com a tecnologia na palma da mão, o caminho será este – cada vez mais “phygital”.