Pontos de vista

Jornada da inclusão:
o acolhimento de pessoas autistas no ambiente corporativo

O Dia Mundial da Conscientização sobre o Autismo é uma entre tantas oportunidades de refletirmos para além de cotas e do espectro.

Criado em 2007 pela ONU (Organização das Nações Unidos), o Dia Mundial da Conscientização sobre o Autismo traz à tona mais uma oportunidade para promovermos conhecimento e educação sobre um tema tão relevante e cada vez mais presente – ainda bem – em nossa sociedade. Nesta segunda edição da nossa série “Jornada da Inclusão”, convido você a refletir e compreender um pouco mais sobre o assunto, especialmente sob o ponto de vista corporativo. 

Contextualização histórica

A abordagem sobre o “transtorno do espectro autista” (TEA) decorre de 2013, quando a American Psychiatric Association, em seu “Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais - 5ª edição”, explica que o autismo se apresenta com diversas características e graus de necessidade de suporte, dependendo de cada indivíduo. Em essência, o TEA afeta aspectos da comunicação, linguagem, comportamento e interação social.

Imagino que você já deva ter visto algumas pessoas do espectro autista com uma fita estampada com um quebra-cabeças. Esse símbolo foi criado em 1963 e demonstra a complexidade que envolve a condição. Suas diferentes formas e cores representam justamente a diversidade dos indivíduos e funcionam como um sinal de acessibilidade, expondo determinadas necessidades de suporte. 

O que as empresas podem fazer pelos indivíduos autistas?

Na JLL, contamos com uma experiência considerável na contratação e na inclusão de pessoas autistas. Pensando nisso e na oportunidade que temos de externar boas práticas ao mundo, compartilhamos como fazer a diferença com um ambiente de trabalho mais inclusivo e acolhedor:

Parcerias com instituições

A JLL tem uma parceria global com a Best Buddies, que é especializada na inclusão de pessoas com deficiência. A parceria nos ajuda com treinamentos e eventos, além de proporcionar a prática de emprego apoiado, com um trabalho conjunto para garantir que a pessoa autista se sinta segura e acolhida por colegas e gestores.

Grupo de afinidade

Também contamos com Disability Empowerment Network, um grupo de afinidade focado em pessoas com deficiência, no qual recebemos demandas e sugestões para a atração e inclusão dessas pessoas, bem como promovemos sessões de sensibilização e treinamentos para mitigar comportamentos capacitistas.

Acessibilidade

É obrigação da empresa garantir acessibilidade às pessoas com deficiência. No caso de TEA, é fundamental prover um lugar silencioso para os colaboradores, que tendem a se sentir sobrecarregados e ansiosos quando expostos a estímulos ambientais. Deve-se ainda oferecer uma estação de trabalho fixa (e não rotativa, como a maioria dos escritórios adotou recentemente) para garantir as sensações de rotina e estabilidade necessárias.

Comunicação inclusiva

Pessoas autistas têm dificuldade de entender metáforas, piadas, sarcasmo e/ou expressões faciais, uma vez que tendem a compreender os significados das palavras de maneira literal. Gestores e colegas devem manter a comunicação simples e direta e permitir espaços para perguntas e dúvidas. Além disso, contextualizar as demandas é essencial para assegurar o entendimento das tarefas.

Outro aspecto relevante é o convite para falar, principalmente em reuniões de equipe, já que autistas podem não identificar que é sua vez de se posicionar em um encontro com muitas pessoas, por exemplo.

E não podemos nos esquecer: não se pode infantilizar a pessoa com autismo!

Contato com familiares e profissionais

A empresa deve estabelecer um relacionamento com a rede de apoio da pessoa autista, com seu conhecimento e consentimento, algo essencial na construção de um ambiente inclusivo.

Uma responsabilidade de todos

Aos poucos, vemos avanços nessa pauta tão relevante e que cabe a cada um de nós compreender. Costumo dizer que, acima de tudo, é responsabilidade de todos, dentro e fora dos escritórios, buscar conhecimento e educação sobre o TEA. É dessa forma que trilharemos uma jornada rumo à inclusão, eliminando preconceitos e estigmas ao redor do tema. 

Quer saber mais? Entre em contato com o autora deste artigo:

Rubia Dias,Gerente LatAm, Diversidade, Equidade e Inclusão
Rubia Dias
Gerente LatAm, Diversidade, Equidade e Inclusão