Pontos de vista

Jornada da inclusão: como abordar a escravidão no ambiente corporativo

No Dia da Abolição da Escravatura, separamos algumas sugestões de como abordar um tema tão relevante e presente dentro das empresas.

O dia 13 de maio de 2023 marca o aniversário de 135 anos da Lei Áurea, cujo objetivo foi colocar um fim à escravidão no Brasil. Contudo, o aspecto legal não impediu que formas análogas à escravidão fossem instituídas nos anos subsequentes, bem como não findou o racismo. Na terceira edição da nossa série “Jornada da Inclusão”, vamos refletir sobre como, mais de um século depois da lei sancionada pela Princesa Isabel, a população negra enfrenta os resquícios da escravidão no ambiente corporativo.

Nos últimos 25 anos, o Ministério do Trabalho começou um programa específico para monitorar e punir empresas no Brasil que ainda adotam práticas de trabalho análogas à escravidão. Nele, é possível consultar quais companhias fazem parte da relação (clique aqui e confira). Em 2020, 936 pessoas foram resgatadas de condições análogas à escravidão e outras 1.316 tiveram suas condições de trabalho regulamentadas e formalizadas. Trata-se de indígenas, imigrantes de outros países da América Latina e negros. Para visualizar o balanço completo, acesse este link.

Do ponto de vista empresarial, as organizações têm uma enorme oportunidade de exercer positivamente sua influência sob a perspectiva da empregabilidade e da equidade de oportunidades, buscando garantir que as consequências da escravidão sejam dizimadas da sociedade.  Um exemplo do desafio relacionado à equidade são os dados de uma pesquisa de 2021, quando as “500 Maiores Empresas do País” passaram por uma avaliação de demografia e notou-se que somente 4,7% dos cargos de liderança são ocupados por pessoas negras. Nesse aspecto, é de extrema importância que as empresas discutam o racismo estrutural em suas práticas de Diversidade, Equidade e Inclusão.

Confira, a seguir, sugestões de como abordar o tema no ambiente corporativo:

Coragem para fazer o que é certo

O primeiro passo é um genuíno comprometimento por parte da alta liderança da empresa, que será responsável por endossar e priorizar que temas de Diversidade, Equidade e Inclusão sejam adicionados em seu planejamento estratégico. Somente a partir do comprometimento a empresa pode garantir que os processos e políticas respeitarão os valores de diversidade e inclusão.

Parcerias com consultorias especializadas

O mercado possui várias consultorias especializadas em temas específicos de diversidade e inclusão, e é fundamental que as empresas contem com o aconselhamento e direcionamento dos grupos minorizados diretamente afetados em sua empregabilidade. Na JLL, em temas relacionados à raça, estabelecemos parcerias com o CEERT (Centro de Estudos das Relações de Trabalho e Desigualdades) e a Empodera, por exemplo.

Analisar a sua própria demografia

A empresa deve saber a composição de sua força de trabalho para entender onde estão as oportunidades de atrair mais diversidade; quais são os obstáculos à diversidade e inclusão em seus cargos, departamentos e localidades; identificar se existem práticas contrárias à equidade em remuneração e benefícios; avaliar a diversidade dos processos seletivos, e assim por diante. Sem dados e análise, não há avanço!

Educação contínua

A empresa tem um papel social muito importante de trazer educação sobre os temas de discriminação, preconceito, vieses inconscientes e estereótipos para a sua força de trabalho. Os momentos de educação não são únicos e pontuais e, sim, esforços contínuos e constantes que devem estar conectados às políticas e processos da empresa.

As empresas, como parte da sociedade, ainda reproduzem uma estrutura marcada pela desigualdade e pela discriminação. Foram 135 anos de luta, e estamos só no começo. Você também faz parte da mudança! Busque conhecimento e se informe sobre as práticas de diversidade e inclusão da sua organização.

Quer saber mais? Entre em contato com o autora deste artigo:

Rubia Dias

Gerente LatAm, Diversidade, Equidade e Inclusão