Pontos de vista

Last mile: o desafio das entregas rápidas em Nova Iorque

Especialista da JLL nos Estados Unidos veio ao Brasil trocar experiências sobre as diferenças, os desafios e as oportunidades desse mercado crescente nas grandes cidades.

28 de Novembro de 2019

O crescimento do comércio eletrônico está criando novas necessidades logísticas e transformando o mercado de real estate industrial. Considerando que a rapidez é um ponto importante para a satisfação do cliente que faz compras online, estar bem localizado é fundamental. Por isso, as empresas estão se dedicando a encontrar soluções para os desafios do last mile (em português, última milha), a última etapa antes da entrega de um produto.

Falta de espaço disponível, alto custo, trânsito e restrições de circulação de grandes veículos são alguns dos desafios dos centros urbanos para as operações logísticas. A JLL vem acompanhando esse setor para ajudar proprietários na criação de soluções que atendam às necessidades dos locatários. E, por ser uma empresa global, compartilha experiências internacionais para desenvolver o mercado.

Recentemente, Ignatius Armenia, diretor da área de Pesquisa Industrial da JLL de Nova Iorque, esteve no Brasil para participar do XXV Fórum Internacional Supply Chain, no qual palestrou sobre last mile ao lado de Ricardo Hirata, da área de Locações Industriais da JLL Brasil. 

Iggy Armenia foi uma das principais atrações do XXV Fórum Internacional de Supply Chain
 

Abaixo, confira a entrevista em que Iggy Armenia fala ao Tendências & Insights sobre os desafios do setor e aponta as diferenças e similaridades entre os dois mercados. 

Como o last mile está se desenvolvendo em Nova Iorque?

Iggy Armenia: Existe uma mudança de expectativa nas compras online. Os clientes esperam suas entregas para o dia seguinte ou até para o mesmo dia, e as empresas estão passando a oferecer essa opção. Por isso, os locatários precisam encontrar espaços mais perto das pessoas. E Nova Iorque concentra a maior população dos Estados Unidos, então é um dos principais mercados para os varejistas. 

Quais são os desafios do last mile na cidade?

Iggy Armenia: São muitos: é uma grande cidade, tem muito trânsito e a infraestrutura é antiga, mas o que faz dela única é a divisão em ilhas. São mais de 8 milhões de pessoas, e é necessário atravessar rios para chegar até o cliente. A maioria dos clientes de e-commerce está no Brooklyn e no Queens, então é lá que o produto precisa estar para ser entregue em poucas horas. Essa é a grande questão. Além disso, a indústria logística foi desenhada 60 anos atrás para fábricas, e não para operações rápidas. 

Divisão em ilhas torna Nova Iorque única, segundo especialista da JLL

Quais são as estratégias para resolver essas questões?

Iggy Armenia: É tudo muito novo. Começamos a nos dedicar a essas oportunidades dois anos atrás e vimos que há uma grande lacuna de dados. Nossa equipe de pesquisa está investindo tempo e energia para encontrar e desenvolver esses dados, que ajudarão a compreender as necessidades dos inquilinos e poderão embasar decisões em tempo real. Estamos trabalhando com inquilinos e desenvolvedores para tentar criar soluções. Temos um projeto, por exemplo, que será o primeiro galpão de vários andares da costa leste.

Quais similaridades e diferenças você vê entre Nova Iorque e São Paulo?

Iggy Armenia: Não há uma solução de last mile que funcione para todos os lugares, pois cada um tem as suas especificidades. Os desafios são parecidos, principalmente em relação à qualidade dos dados e ao tamanho da demanda. É necessário desenvolver esse mercado, entender as oportunidades e os desafios, que estamos tentando resolver de acordo com as peculiaridades de cada cidade, como trânsito, infraestrutura e segurança. Mas cada local tem também suas vantagens. Nova Iorque possui vias navegáveis, portanto devemos explorar como isso pode ser usado. Em São Paulo, já se utiliza o serviço de entrega com bicicleta e outros veículos menores. Em Nova Iorque, a bicicleta não é muito utilizada porque a infraestrutura de transporte público é melhor. Além disso, as vias e os veículos são muito grandes, não é seguro. Enfim, é tudo muito novo. São oportunidades que ainda não estão implementadas e podem ser desenvolvidas com o tempo.

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