Reportagem

Aproveitamento da água condensada do ar-condicionado melhora a eficiência do prédio

Utilização do recurso é uma medida simples e sinaliza a atenção dispensada às questões de sustentabilidade.

05 de Julho de 2022
Autores:
  • Abgail Cardoso

Essenciais para o conforto térmico nos edifícios corporativos, os sistemas de refrigeração produzem um contínuo gotejamento de água, resultante de processos físicos e químicos do funcionamento do ar-condicionado. Essa água costuma ser direcionada por tubulação à rede de esgoto ou até mesmo fica pingando nas calçadas causando transtorno para quem passa. 

Considerando a geração individual de cada empreendimento, o volume não é muito significativo, mas pode chegar a dezenas de litros por dia. No entanto, pensando no conjunto de edifícios comerciais de uma cidade grande, o desperdício pode tomar outra proporção.

Por isso, em tempos de crise hídrica e de gestão pautada pelos princípios ESG, vale a pena pensar em formas de aproveitamento dessa água, perpetuando o ciclo de vida desse recurso.

“É preciso contar com a assessoria de um especialista para avaliar a situação a fim de não se decidir por um investimento de forma precipitada e amadora. É necessário ter em mente ainda que, do ponto de vista de redução de custos, o ganho não é expressivo, mas certamente traz um benefício ambiental importante e visibilidade para o prédio, além de contar pontos para uma eventual certificação LEED”, afirma Jorge Azevedo, gerente regional da JLL.

Viabilidade e utilização

A principal condição para o aproveitamento da água gerada por condensação no sistema de refrigeração é que o edifício disponha de tubulações dedicadas a seu escoamento. Se houver essa rede, o projeto torna-se simples, rápido e barato. “Nesse caso, as adaptações incluem instalação de tubulações secundárias para receber e levar a água até um ponto de armazenamento. A partir daí, usam-se bombas e sensores de pressão para entregar a água nos lugares desejados”, resume Leandro Meireles, gerente de Infraestrutura do Condomínio do Centro Empresarial Cidade Nova - Teleporto, no Rio de Janeiro.

O executivo explica, porém, que se não existir previamente uma infraestrutura dedicada à captação desse tipo de água, o desenvolvimento pode ser prejudicado, uma vez que a intervenção de obra civil para “unir” os pontos e convergir a água para um único reservatório seria enorme.

Como é fruto de condensação no sistema de refrigeração, essa água pode ser utilizada para rega de jardins e lavagem de pisos. Por não ser tratada e livre de minerais, precisa ser consumida rapidamente para evitar mau cheiro. “Se for tratada, pode ser acumulada por mais tempo, tornando viáveis outras utilizações, excluindo o consumo humano”, diz Leandro. 

A experiência do Centro Empresarial Cidade Nova - Teleporto

A equipe da JLL e o síndico do condomínio estudavam a planta original do Teleporto, como é conhecido o empreendimento de 63 mil m2  localizado na Avenida Presidente Vargas, no Rio de Janeiro, a respeito de outro assunto quando identificaram a existência de duas tubulações exclusivas para escoamento da água condensada no sistema de refrigeração. Durante a verificação, foi percebido que a água estava sendo descartada no esgoto.

“Pensamos em interceptá-la na ponta e direcioná-la para um reservatório de reaproveitamento. Instalamos duas caixas d´água de mil litros no subsolo para armazenar a água”, explica Leandro.

A estimativa é que o sistema de refrigeração do Teleporto produza cerca de 15 m3 de água por mês, volume suficiente para atender 100% da necessidade da jardinagem e da lavagem das áreas comuns. Do ponto de vista de custo, o volume economizado é pouco significativo, considerando que o Teleporto consome 2.500 m3 por mês.

“O principal valor dessa iniciativa está ligado à sustentabilidade. É mais uma contribuição para alcançarmos a certificação LEED”, explica o gerente de Infraestrutura que, agora, estuda a possibilidade de fazer o tratamento dessa água a fim de ampliar seu uso. 

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