Reportagem

Como manter o empreendimento preparado para lidar com as crises hídrica e de energia

Confira algumas dicas e ações que podem ser tomadas para superar o período de falta d´água e a energia elétrica mais cara.

29 de Setembro de 2021
Autores:
  • Abgail Cardoso

Os reservatórios das hidrelétricas nunca estiveram tão baixos e já operam a menos de 20% de sua capacidade. Para piorar, as chuvas previstas para os próximos meses não serão suficientes para repor o nível dos reservatórios. Nesse cenário, entram em ação as termelétricas, que produzem uma energia mais cara, mas que este ano tem o custo ainda maior devido à crise hídrica. 

O risco de desabastecimento de água ainda tem o agravante de acontecer no momento em que, com o avanço da vacinação, as empresas começam a frequentar novamente os empreendimentos corporativos e a preparar a reentrada nos escritórios, fazendo com que aumentem as demandas de água e energia.

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Manter parte das equipes em home office por mais algum tempo pode ser parte da solução. Mas a primeira providência deveria ter sido anterior ao momento que vivemos. O gerente técnico da JLL, Evaldo Pisani, explica que, para estarem sempre preparados para crises de todas as ordens, os empreendimentos devem fazer uma análise de riscos operacionais, propondo estratégias para evitá-los, controlá-los ou, se possível, eliminá-los. 

“Os condomínios que administramos já contam com essa análise há alguns anos e temos planos de contingência para esses riscos. Os gestores prediais têm o papel de apoiar os proprietários, detectando problemas, propondo e implantando as soluções, dentro da realidade de cada empreendimento”, afirma Pisani.

Diante disso, o que é possível fazer para minimizar os impactos desses problemas e garantir o pleno funcionamento dos empreendimentos?

Como proceder em casos de racionamento de energia elétrica ou apagão

Em geral, os empreendimentos possuem geradores a diesel para contornar faltas pontuais de energia elétrica. Em caso de racionamento, pode ser necessário ter mais equipamentos e de maior capacidade, dependendo se serão para atender apenas as áreas comuns ou também as privativas. Um gerador com 400 kVA pode exigir um investimento superior a R$ 1 milhão, já a locação gira em R$ 50 mil mensais.

Mas essa decisão não deve levar em consideração apenas o custo. É preciso avaliar se há espaço para instalação, se há acesso para entrar com o equipamento e se o piso suporta o peso, além de providenciar toda a infraestrutura. Dependendo do porte do empreendimento, o equipamento precisa ter, no mínimo, 50 kVA para dar conta das áreas comuns. Pensando em suprir as áreas privativas, seriam necessárias de duas a quatro dessas máquinas de 400 kVA ou mais, dependendo das cargas a serem alimentadas, ou seja, instalar o que chamamos de “usina elétrica”.

É preciso ter em mente ainda que, na crise, a demanda desses equipamentos estará em alta, por isso haverá menor oferta e custos maiores. “Quando o empreendimento faz a análise de riscos operacionais, também deve definir ações para cada situação. No caso dos geradores, isso inclui um relacionamento prévio com os fornecedores para definir especificações do equipamento e viabilidade da instalação”, explica Pisani.

Além disso, os gestores podem prever uma série de medidas para reduzir o consumo, já que, em razão da crise, o custo da energia da rede pública disparou com a criação da bandeira preta.

“Recomendamos fazer a seletividade das cargas, ou seja, desligar algumas luzes e equipamentos. Se há seis luminárias num hall, por exemplo, desligamos metade, assim como os elevadores. O ar-condicionado não fica mais em 22/23 graus. Isso nas áreas comuns, mas as áreas privativas também precisam contribuir, caso venham a ser necessárias medidas mais incisivas para que todos tenham um pouco de energia elétrica disponível”, analisa o gerente técnico da JLL.

Ações para evitar o desperdício

Para reduzir a dependência da rede pública de água, uma estratégia interessante, quando viável tecnicamente, é o poço artesiano, cuja implantação pode levar até oito meses entre a solicitação da autorização para perfuração e a outorga. “Muitos empreendimentos já contam com poços artesianos, pagando apenas os serviços de esgotamento, afastamento e tratamento sanitário da concessionária”, afirma Pisani.

Aqueles empreendimentos que ainda não possuem podem considerar ir por esse caminho, mas precisam primeiro analisar se é tecnicamente viável, já que é preciso encontrar água no subsolo e, também, ter acesso para os equipamentos de perfuração. Quanto ao investimento, essa não é uma grande preocupação: as empresas do setor podem arcar com os custos, e o empreendimento paga apenas pelo fornecimento da água tratada. 

Ainda assim, economizar água é sempre uma iniciativa bem-vinda do ponto de vista de custos e ambiental. Conscientizar os ocupantes sobre o uso racional da água é essencial, mas também são fundamentais mudanças de processos de jardinagem e limpeza de fachadas, pisos e banheiros. Ficar de olho para identificar vazamentos e trocar equipamentos por modelos mais econômicos, como caixas acopladas de descarga de baixo consumo, torneiras eletrônicas que controlam a vazão e o tempo de uso também são ações eficientes.

Confira algumas dicas que podem ser aplicadas para economizar água nos empreendimentos:

- Usar torneiras com acionamento automático e com arejador (chuveirinho).

- Implantar sistema de reuso de água para as bacias sanitárias, instalar caixas acopladas de baixo consumo e mantê-las reguladas.

- Fazer a irrigação de gramado com sistema automático, uma vez por semana, antes de o sol nascer ou depois que ele se põe, e irrigar árvores e arbustos com sistema de gotejamento.

- Usar água de chuva para lavagem de piso, espelho de água e irrigação.

- Utilizar equipamentos pressurizados para lavagem, quando necessário.

- Fechar as persianas das janelas para diminuir a insolação dos ambientes e, consequentemente, a carga térmica no sistema, reduzindo o consumo de energia elétrica e de água na torre de resfriamento.

- Verificar se há vazamentos nos vasos sanitários através da válvula hidra ou do tampão da caixa acoplada, e consertá-los.

- Inspecionar as torneiras em busca de gotejamentos para consertá-los.

- Desligar ao máximo a iluminação dos ambientes quando não forem utilizados.

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