Reportagem

Governança é ponto de partida para a estratégia ESG nas organizações

Boas práticas de gestão colaboram para o crescimento saudável, sustentável e responsável.

24 de Janeiro de 2023
Autores:
  • Agência Tecere

Quando se fala em ESG (do inglês Environmental, Social, and Corporate Governance – Governança ambiental, social e corporativa), o que costuma vir à mente, em um primeiro momento, são as questões ambientais. Porém, sem governança corporativa não há como haver ações ambientais e sociais de impacto. É por isso que este é um pilar fundamental para o desenvolvimento de uma estratégia consistente.

Uma pesquisa da ANBIMA (Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais) de 2022, realizada com 209 gestoras de recursos, aponta que os critérios ESG mais observados pelas gestoras de recursos são a transparência (92%) e a ética (92%), compreendidas pelo G de governança. Este é o tema do podcast ESG com Luciana Arouca #03: Como a governança impacta a jornada ESG no mundo corporativo.

“Governança corporativa é a forma como a empresa se administra e demonstra sua organização, como conduz relações com os sócios, com os órgãos de fiscalização, com a diretoria, com o conselho de administração e outras partes interessadas. É a busca por aumentar o valor econômico da empresa e sua perenidade a longo prazo por meio de uma gestão de qualidade. Faz todo sentido o mercado financeiro buscar investir em empresas que tenham esse compromisso com a continuidade do negócio”, diz Aline Assis, diretora jurídica LatAm e Brasil da JLL.

Isso significa que, apesar de as pessoas, em geral, focarem muito nas ações ambientais e sociais, o mercado já entendeu que sem governança, elas não acontecem.

“A governança é um pilar ESG porque permeia a definição da estratégia, direciona os investimentos que serão feitos, dita o fluxo de ritos que precisam ser promovidos para que o tema da sustentabilidade ambiental e social seja debatido e conectado à estratégia da companhia, afirma Renata Bertele, vice-presidente de Compliance, Governança e Sustentabilidade na Oi

Transparência e ética são fundamentais

Uma empresa com boa governança tem boas práticas de gestão implementadas, e a transparência e a ética são preocupações constantes, segundo a diretora jurídica da JLL.

“A ética é a base de toda e qualquer relação. Uma empresa ética sempre vai tomar as melhores decisões e isso implica dizer, inclusive, assumir erros. O mercado tem interesse em saber quando você acerta e quando você erra”, pontua Aline.

A transparência, por sua vez, compreende não só o desempenho financeiro, mas também outros aspectos da gestão, por exemplo, zelo ao capital humano, ao meio ambiente e à reputação.

Além disso, uma preocupação recente é com o tratamento de dados, devido à LGPD (Lei Geral de Proteção de Dados Pessoais). “Toda empresa que se preocupa em estar em conformidade com as leis deve estar atenta às obrigações relacionadas à privacidade, para garantir que a organização respeite as normas em todos os níveis e acima de qualquer interesse comercial. Afinal, dado é moeda e é necessário administrar de forma transparente e responsável os dados sob sua gestão”, declara Aline.

Outros assuntos debatidos no podcast são o papel do Compliance e a dificuldade em obter dados de qualidade sobre as práticas implementadas. Para Luciana Arouca, diretora de sustentabilidade da JLL, isso contribui para a percepção de um discurso vago, sem evidências.

“É necessário se debruçar em dados para validar os avanços e as práticas dessa agenda. Porém, há questões que são subjetivas, não são tangíveis de serem mensuradas. Estamos testando e vendo como estruturar melhor para trazer à tona ao mercado de forma transparente. Os relatórios ESG também colaboram com dados e a como compará-los. Mas, o quanto a falta de regulamentação ou de medição universal nesse sentido acaba afetando particularmente o pilar de governança?”, questiona Luciana a Renata.

“Quando se fala em equalização de planos ESG para empresas do mesmo setor ou diferente, o fato de não haver um ponto único de medição dá sempre a margem de que alguém vai avaliar o seu programa sob critérios que não estão no seu radar. E, às vezes, esses critérios nem fazem sentido para o business”, reflete a vice-presidente de Compliance, Governança e Sustentabilidade na Oi. 

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