Reportagem

Precursores da JLL no Brasil contam os desafios que enfrentaram 25 anos atrás

Mostrar os benefícios da gestão profissional no longo prazo e desenvolver talentos foram alguns dos obstáculos no início da JLL no Brasil.

15 de Junho de 2021
Autores:
  • Agência Tecere

Resiliência e persistência. Essas duas características têm sido muito evocadas atualmente em face aos desafios impostos pela pandemia de COVID-19, mas também definem bem o espírito com que o brasileiro Milton Jungman e o americano Eric Scaff iniciaram um dos núcleos pioneiros da JLL, desenvolvendo um trabalho profissional de gerenciamento de propriedades no Brasil há 25 anos. Para comemorar o aniversário da JLL no país, conversamos com os dois executivos sobre os desafios do negócio duas décadas e meia atrás. 

O trabalho foi iniciado na Compass Birmann Asset Services, uma joint venture da americana Compass, representada por Scaff, com a incorporadora brasileira Birmann, representada por Jungman, formando a primeira iniciativa que deu origem à JLL alguns anos depois.

“A ideia era trazer novidades para o Brasil. A Compass já fazia gerenciamento de propriedades nos Estados Unidos e havia essa demanda no Brasil, ainda que o mercado não soubesse disso. Era o início da chegada dos smart buildings e das grandes lajes corporativas no cenário nacional”, conta Jungman.

Posteriormente, a Compass foi comprada pela La Salle Partners, que, com a fusão com a inglesa Jones Lang Wootton, deu origem à Jones Lang La Salle, hoje JLL. Assim, por meio da introdução do serviço de gerenciamento de propriedades profissional no Brasil, Milton Jungman e Eric Scaff foram precursores da JLL, e os grandes responsáveis por desenvolver e educar o mercado sobre a necessidade deste profissionalismo.

Para Scaff, isso significou trocar a Califórnia por São Paulo, superar barreiras culturais e de idioma, além de se aventurar em um país até então desconhecido. 

“Quando soube que a Compass abriria um escritório no Brasil, eu manifestei meu interesse em tocar a operação, pois queria ter uma experiência de trabalho internacional. Quando cheguei a São Paulo, fiquei surpreso com o tamanho da cidade. O Brasil tinha acabado de adotar o Real e estava alcançando a estabilidade econômica após anos de hiperinflação. Eu estava chegando no momento perfeito, às vésperas de um salto econômico. Eu tinha medo, pois não sabia falar o idioma nem como era o ambiente de negócios, mas encontrei no Milton o parceiro perfeito, que virou um amigo para a vida”, diz Scaff.

match foi perfeito em todos os sentidos: a empresa prosperou, Scaff se adaptou ao país e seu primeiro filho nasceu aqui. Ao todo, ele viveu três anos no Brasil e já retornou algumas vezes para visitar. “Foram, provavelmente, os melhores anos da minha vida”, diz ele. 

 

Desenvolvendo o mercado

Apesar das enormes oportunidades que o Brasil oferecia, Jungman e Scaff tiveram que empreender uma verdadeira mudança de cultura no mercado para estabelecer o serviço de gerenciamento de propriedades. Até então, quem cuidava da gestão dos edifícios comerciais era a figura do síndico, ou de empresas de manutenção, sem uma visão estratégica de gestão, enquanto a proposta da empresa era de uma estrutura de gestão profissional, liderada por um executivo local no edifício.

Foram necessárias muitas reuniões, conversas com outros executivos e matérias na imprensa. “Eu me lembro de conversar com o executivo de um grande banco que achou o serviço caro quando eu apresentei. Eu disse a ele: ‘se eu tivesse muito dinheiro, eu não ia gerir sozinho, ia contratar você, que é profissional. Por que com edifícios não se pensa a mesma coisa? Se você tem um prédio valioso, dê para um profissional tomar conta’. Mas foi um longo caminho”, diz Jungman.

 

Milton Jungman (foto à esquerda) e Eric Scaff (à esquerda na segunda foto) foram precursores da JLL Brasil, que comemora 25 anos em 2021

A gestão “amadora” da época levava a situações de edifícios mal conservados, com manutenção atrasada e sistemas funcionando de maneira ineficiente.

“Investimos muito tempo em mostrar às pessoas que o valor aplicado na gestão profissional se revertia em benefício no longo prazo, à medida que estende a vida útil dos sistemas e equipamentos, evitando gastos maiores no futuro”, afirma Scaff.  

 
Treinando profissionais

Além de educar os potenciais clientes sobre essas questões, eles também precisaram estabelecer processos e padrões para o trabalho e desenvolver profissionais para realizar o serviço. Para isso, buscaram ampliar a habilidades de suas equipes de linha de frente, procurando profissionais não necessariamente com formação de engenharia, mas, sim, com atitudes proativas e com talento para serviços, apostando simultaneamente em treinamentos e tecnologia para aprimorar as outras habilidades necessárias. 

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Hoje, o perfil do profissional de gerenciamento de propriedades é mais amplo e inclui formados em administração de empresas ou cursos correlatos, com uma visão mais ampla do negócio. Os conselhos que os dois veteranos do mercado imobiliário dão para os profissionais que querem atuar na área são:

-     Procure uma empresa com estrutura e gestão profissional, como a JLL, para aprender a trabalhar de forma séria;

-     Invista em relacionamento e networking com colegas e parceiros que vão evoluir junto com você na carreira;

-     E, claro, tenha paixão pelo trabalho e aderência à cultura da empresa. 

Para quem vai contratar uma empresa para realizar o gerenciamento de propriedades de um empreendimento, a dica dos dois é uma só: veja o histórico de relacionamento da empresa com seus clientes - esse é o principal indicador de uma boa prestação de serviço.

Saudosos da parceria profissional de sucesso de tempos atrás, Jungman e Scaff continuam atuando no setor de imóveis. Scaff é diretor da Sequent Real Estate and Wealth Management, nos EUA, e Jungman é diretor da RealtyCorp e professor universitário em São Paulo.