Reportagem

Retrofit moderniza e valoriza edifícios corporativos da Avenida Paulista

Endereço emblemático da capital paulista passa por obras de atualização para continuar atraente para as empresas e se alinhar às práticas de sustentabilidade.

24 de Maio de 2023
Autores:
  • Agência Tecere

A Avenida Paulista, que já foi o centro financeiro e corporativo da cidade em décadas passadas, vem passando por uma onda de retrofits para se atualizar e não perder a relevância. Sem espaço para novos desenvolvimentos imobiliários e com edifícios antigos – grande parte anterior à década de 80 –, o retrofit é a alternativa para reposicionar o estoque e manter a região atraente para os inquilinos.

O setor financeiro segue sendo o mais relevante em espaço ocupado e em tamanho médio de ocupação, representando 260 mil m² (30,7%) e 2.307 m², respectivamente. Além dele, os setores de educação e saúde também se destacam entre os ocupantes da região.

“Apesar de ter dividido o protagonismo com novos polos corporativos que surgiram ao longo do tempo, como a Faria Lima e a Berrini, a Avenida Paulista continua sendo interessante para as empresas devido à boa localização e alta oferta de comércio, serviços e transporte. No entanto, a qualificação dos empreendimentos, muitas vezes, pode ser uma questão para algumas empresas”, diz Yara Matsuyama, diretora de Locação na Divisão de Escritórios da JLL. 

Retrofit: upgrade nos edifícios e no valor do aluguel

O mercado de alto padrão corresponde a 22% do mercado de escritórios da Avenida Paulista (considerando empreendimentos AA, A e B). O total de estoque é de aproximadamente 1,1 milhão de m², sendo classe B o maior, com 78% dessa área.  Os empreendimentos desta classe apresentam qualidade construtiva com as funcionalidades básicas para um edifício comercial, havendo oportunidades para implementar inovação e modernização desses ativos.

Ou seja, isso significa que há muitas oportunidades de reforma e atualização para que estes prédios aumentem sua qualidade, tanto do ponto de vista operacional quanto da satisfação dos usuários e adequação às atuais tendências de sustentabilidade. 

 

Até agora, 15,6% do estoque total (aproximadamente 170 mil m²) foram retrofitados. Edifícios como o Brazilian Financial Center e Paulista 1100 passaram por atualizações e receberam um upgrade em sua classificação. Em geral, esse movimento vem acompanhado de um aumento no valor do aluguel, ampliando os ganhos dos proprietários. É o que aconteceu, por exemplo, com os edifícios Bravo Paulista (em que o valor do m² passou de R$ 55 para R$ 130), Martiniano de Carvalho (aumento de R$ 70 para R$ 90 /m²) e Alameda Santos (de R$ 75 para R$ 95 /m²). Todos os dados citados são de um estudo exclusivo da JLL sobre a Avenida Paulista. 

Mesmo nos casos em que o valor do aluguel não aumenta após o retrofit, os proprietários têm a vantagem de reter os inquilinos com a modernização do edifício. Assim, eles passam a ocupar um espaço mais moderno, tecnológico, eficiente e ajustado às necessidades e tendências atuais. É importante ressaltar que a modernização do edificio pode contribuir inclusive para uma maior eficiência nos custos operacionais, podendo gerar economia também econcomia nos custos do condomínio.

Além disso, o retrofit adequa o empreendimento às melhores práticas de sustentabilidade. “Cada vez mais, essa é uma exigência das empresas que têm metas de ESG e, como consequência, ainda contribui para a redução de custos operacionais devido ao uso mais eficiente de recursos como energia e água”, declara Luciana Arouca, diretora de Sustentabilidade da JLL.

Padrão construtivo antigo pode ser desafio para o retrofit

Padrões construtivos antigos, diferentes dos padrões de hoje, podem ser desafios para o projeto de retrofit. As limitações podem variar de acordo com o empreendimento. 

“O pé direito baixo das construções antigas pode não comportar o padrão, a complexidade e a diversidade das instalações modernas, como o sistema de ar-condicionado e combate à incêndio, por exemplo. Além disso, tais construções não contemplavam infraestrutura apartada para instalações de internet, sistema de segurança, automação, gás encanado, entre outros sistemas”, explica Helena Diodatti, gerente de Projetos e Obras para escritórios da JLL.

Ela destaca que é fundamental uma avaliação criteriosa da estrutura do edifício. “Em caso de reforços, estruturas metálicas são as mais indicadas. Outro ponto de atenção é a capacidade de carga elétrica, uma vez que o dimensionamento das instalações elétricas dos empreendimentos antigos não suporta a potência exigida pelos equipamentos atuais. Outro desafio comum em projetos de retrofit são os acabamentos, uma vez que eles podem apresentar custos elevados ou, até mesmo, estar extintos”, afirma.

 

Principais oportunidades de intervenção

O objetivo principal do retrofit é a eficiência operacional. Neste contexto, as principais oportunidades de intervenção incluem:

    - Modernização das instalações.
    - Tecnologia aplicada aos sistemas.
    - Renovação completa da fachada, contando com a utilização de vidros de alta eficiência e elementos para atenuar a absorção de calor.
    - Implementação de sistema hidráulico para redução do consumo de água.
    - Substituição de lâmpadas incandescentes e fluorescentes por LED.
    - Destinação e descarte de resíduos, reutilização de materiais e outras ações sustentáveis também são oportunidades a serem aplicadas aos projetos de retrofit.

 

Avenida Paulita: um clássico repaginado

Ainda que não seja totalmente renovada, a Avenida Paulista segue e seguirá sendo um endereço importante para a vida corporativa da cidade, segundo a diretora da Divisão de Escritórios da JLL. 

“A Avenida Paulista tem valor afetivo para os paulistanos e é emblemática para os não paulistanos também. Não à toa, a região tem atraído o interesse de fundos imobiliários e investidores que estão comprando prédios inteiros para retrofitar e reposicionar o ativo visando uma maior rentabilidade”, afirma Matsuyama.

A taxa de vacância demonstra essa realidade. Enquanto a vacância média na cidade está na casa dos 20%, na região da Avenida Paulista é de 14%. Cabe destacar que os edifícios classe AA apresentam a menor vacância dentre as três classes analisadas (13,4%), o que demonstra as vantagens dos edifícios mais modernos e eficientes, frente ao restante do estoque.

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