Reportagem

Conceito de espaços flexíveis de trabalho se expande no mundo

Apoio de uma empresa especializada garante o sucesso da implantação de solução inovadora na forma de trabalhar e da mudança cultural da empresa.

20 de Janeiro de 2014

Assim como os perfis profissionais, as empresas estão passando, nos últimos anos, por um processo de mudança cultural intenso. Com a finalidade de estimular a criatividade de seus funcionários – o que resulta em inovação –, muitos líderes têm percebido que a oferta de espaços de trabalhos considerados flexíveis contribui para a produtividade.

“Há uma clara tendência para locais de trabalho flexíveis, de alta densidade e qualidade, que favoreçam o trabalho colaborativo. O objetivo é aumentar o engajamento dos funcionários e melhorar o recrutamento e a retenção de talentos”, justifica Christian Beaudoin, diretor de pesquisa da JLL para a região das Américas.

Segundo Bernice Boucher, diretora da área de estratégia de local de trabalho da JLL para a região das Américas, “trabalhadores aglomerados em um mesmo espaço ou alojados em um espaço de tamanho inadequado nem sempre trazem o melhor resultado para as empresas”. Ela complementa que estratégias de local de trabalho que valorizam o uso do imóvel e da tecnologia melhoram a produtividade dos maiores ativos das organizações – as pessoas e suas culturas. “As empresas podem reduzir os custos de ocupação e ao mesmo tempo aumentar a produtividade dos funcionários com a criação de um mix de ambiente de trabalho flexível,” afirma.

A opinião é compartilhada por John Hampton, vice-presidente sênior de Inovação e Desenvolvimento de Produto da JLL. “As empresas precisam adotar um mix de soluções que valorize o espaço dentro do escritório, mas que também vá além dos limites do portfólio imobiliário tradicional”, avalia. “Essas soluções precisam evoluir para além do coworking (espaço de trabalho compartilhado) e passar para programas viáveis de 'proworking', que reduzam o empenho de espaços físicos da empresa e, ao mesmo tempo, ofereçam aos trabalhadores mais opções de escolha com relação ao local onde desejem ou precisem trabalhar”, acrescenta o executivo, que promoveu o desenvolvimento de um novo serviço da JLL, denominado Space Exchange.

Reunindo os serviços de consultoria da JLL com sua tecnologia de mercado em tempo real, o Space Exchange busca reduzir a necessidade de espaço entre os profissionais, alinhando pessoas e instalações e permitindo que espaços subutilizados se tornem aptos para o uso produtivo. Além disso, é capaz de conectar empresas com uma rede de locais de trabalho que não integram seus portfólios. Para isso, não é necessário apenas encontrar o espaço ideal, mas também adotar uma tecnologia baseada em nuvem. No caso do Space Exchange, essa tecnologia é alimentada pelo LiquidSpace, que viabiliza transações por meio de aplicativos digitais e móveis.

Dados da pesquisa GCRES, da JLL, revelaram que os executivos da área de imóveis corporativos buscavam ferramentas tecnológicas que dessem suporte ao planejamento estratégico do local de trabalho, a exemplo do Space Exchange: 46% dos entrevistados relataram a necessidade de soluções de planejamento de ocupação.

“O paradigma de imóveis corporativos herdados, que obriga o empenho de longo prazo de imóveis fixos, simplesmente não consegue fazer frente às necessidades das organizações dinâmicas de hoje. Gestores de ativos imobiliários corporativos não estão mais dispostos a pagar por escritórios subutilizados e, por outro lado, profissionais engajados esperam ter a liberdade de escolher onde  trabalhar, seja dentro do espaço da empresa ou na estrada.” 

Mark Gilbreath, CEO e fundador, LiquidSpace

“O Space Exchange é a primeira e única solução de serviços do mercado projetada especificamente para atender às necessidades singulares de empresas de grande porte em busca de modernizar e otimizar as operações de seus locais de trabalho”, diz Mark Gilbreath, CEO do LiquidSpace.

No Brasil, a discussão sobre a adoção de locais flexíveis de trabalho não é tão recente, tendo se tornado uma tendência real nos dias atuais, especialmente pelas multinacionais, mas também por pequenas empresas e profissionais liberais. No entanto, para que seja possível transformar essa solução em realidade para companhias de grande porte, ainda é necessário superar alguns obstáculos, a exemplo da legislação, que dificulta a aprovação de alguns projetos nesse sentido, e da cultura da própria empresa e de seus profissionais. Essa é a conclusão de Christina Coutinho, gerente de Projetos Sênior da JLL no Brasil, que, em 2013, integrou o Comitê de Workplace & Strategy da Corenet, concebido para discutir o futuro dos espaços corporativos.

“Criamos um material com o passo a passo das fases necessárias para o desenvolvimento de um projeto de ocupação estratégica. Um processo que envolve, primeiramente, o líder da empresa interessada em promover essa mudança e deverá contar também com o apoio de uma empresa especializada. Muito mais do que optar pelo local que adotará esse perfil flexível, é preciso comunicar claramente a proposta aos funcionários. Afinal, muitos se adaptam a esse método de trabalho com tranquilidade, enquanto outros demonstram resistência. A troca de informações é a chave para o sucesso desses projetos”, considera a executiva.

Entre as conclusões obtidas entre os integrantes do comitê, é possível afirmar que os projetos necessitam de uma estrutura multidisciplinar, com conhecimento estratégico da empresa. Os pontos-chave dessa mudança de paradigma são:

  • o melhor resultado é alcançado com a integração de todas as disciplinas; 
  • o espaço é um grande catalizador para mudanças culturais; 
  • os resultados tangíveis e intangíveis precisam ser mapeados e mensurados; 
  • a manutenção é chave do sucesso a longo prazo; 
  • a cultura no Brasil é aderente aos novos modelos de espaço, porém algumas empresas ainda
    necessitam de uma visão clara das novas tendências e rever seus objetivos futuros.

“Está claro que o espaço compartilhado é uma tendência que deve ganhar dimensão no país nos próximos anos,” diz Christina. Segundo ela, o futuro indica que cada vez mais os locais de convivência serão valorizados e que precisarão ser mais bem elaborados. Mas também é preciso uma mudança cultural por parte das empresas para o sucesso garantido da solução.