Patinete: o modal de transporte que veio para ficar
Divertida, novidade deve se consolidar como solução para pequenos deslocamentos.
O interesse de Jorge Pedro da Silva Junior, coordenador da área de Transações da JLL, pelos patinetes começou por curiosidade, depois virou um desafio entre a equipe, até que se tornou o meio de transporte preferido para visitar os clientes na região da JK.
Jorge ainda recorre ao carro para percorrer o trajeto da sua casa, em Guarulhos, para o trabalho, no bairro paulistano da Vila Olímpia, por causa da distância. “Gostaria de me deslocar de outra forma – de bicicleta, por exemplo –, mas o medo é maior. Não há ciclofaixa em todo meu caminho”, conta.
"As pessoas do escritório começaram a se desafiar: ‘Quem nunca andou? Vamos experimentar!’. Aí, começamos a andar juntos e a compartilhar nossas experiências. Hoje, se é um deslocamento curto, o patinete é minha primeira opção por ser divertido, rápido, mais barato do que gasolina e estacionamento, e ainda não poluir e nem fazer barulho."
Os patinetes elétricos chegaram a São Paulo em agosto do ano passado, com o início das operações das empresas Yellow e Grin, que se fundiram em janeiro. Hoje, já estão disponíveis em várias cidades, como Rio de Janeiro, Brasília, Curitiba, Florianópolis e Porto Alegre, entre outras. Saiba como usá-los:
- Baixe o aplicativo;
- Localize um patinete;
- Escaneie o QR Code para desbloqueá-lo;
- Comece a corrida;
- Ao final, estacione em uma das zonas indicadas no mapa e encerre a corrida no app.
O custo é de R$ 3 + R$ 0,50 a cada minuto de uso. Por questões estratégicas, as marcas não divulgam números como a quantidade de equipamentos disponíveis, de corridas ou de usuários. Mas quem frequenta a Zona Sul da cidade sabe que a adesão é grande.
Em outros países, patinetes estão consolidados como meio de transporte
Segundo o professor de inovação e tecnologia da Fundação Getúlio Vargas (FGV) Arthur Igreja, no Brasil, os patinetes elétricos ainda são usados mais por lazer ou por curiosidade. Porém, a tendência é que se estabeleçam como meio de transporte, como já acontece nos Estados Unidos, por exemplo.
Em março, ele esteve em Austin (Texas) para o festival de economia criativa SXSW, no qual acompanhou muitos debates sobre mobilidade urbana. “Lá, a impressão era de que os estranhos no trânsito eram os carros”, afirma. Para ele, o sucesso dos patinetes elétricos demonstra que faltam alternativas de transporte.
“O patinete é um modal complementar e resolve o problema de last mile, que é o fim do deslocamento, quando você precisa percorrer um trecho depois de usar outro meio de transporte, como a partir de uma estação de metrô”, aponta Igreja.
Como em toda novidade, no entanto, ainda é necessário aparar algumas arestas, de acordo com o professor da FGV. “Nos Estados Unidos, estão debatendo questões de segurança, à medida que os acidentes começam a onerar o sistema de saúde”, explica.
Por aqui, além da questão da segurança – dos usuários e dos pedestres -, há a discussão sobre os locais de estacionamento dos equipamentos. É comum vê-los no meio da calçada, atrapalhando a passagem.
A Prefeitura de São Paulo criou um grupo de trabalho para conduzir a regulamentação do sistema de compartilhamento de patinetes elétricos, e a Secretaria Municipal de Mobilidade e Transportes tem analisado experiências internacionais com o modal.
As empresas afirmam atender a todos os requisitos previstos por lei, como velocidade máxima permitida (20 km/h) e itens de segurança (buzina, luz de freio, indicador de velocidade, entre outros). Além disso, recomendam que, ao final das corridas, os patinetes sejam estacionados nas zonas indicadas nos aplicativos.