Reportagem

Pesquisa da JLL aponta tendências e perspectivas das acomodações alternativas

Comparação com desenvolvimento da hotelaria indica os rumos de crescimento desse mercado, que angaria cada vez mais viajantes.

08 de Dezembro de 2022
Autores:
  • Agência Tecere

Basta uma rápida consulta em aplicativos e sites como Booking.com, Expedia e Decolar para constatar que as opções de acomodações alternativas só crescem. O Airbnb, fundado em 2008, na Califórnia, ainda é o principal player quando se fala nesse tipo de hospedagem e, durante muito tempo, enfrentou pressão da hotelaria tradicional, que o via como um concorrente desleal. Atualmente, porém, o cenário é diferente. O impacto e as transformações causadas pela pandemia aproximaram estes dois segmentos, que, afinal, possuem mais semelhanças do que diferenças.

“A hotelaria é uma indústria que precisa de inovação constante, mais do que outros segmentos. Quem não inova perde hóspedes. As grandes operadoras perceberam que não dá pra lutar contra, por isso estão apostando no ramo de acomodações alternativas, adquirindo marcas existentes ou reinventando seu portfólio”, explica Juliana Carbonari, gerente de Negócios de Valuation and Advisory Sevices da JLL.  

Este é o cenário apresentado pela pesquisa “Acomodações Alternativas 2022”, da JLL, que traz as últimas tendências e perspectivas globais sobre este mercado. Clique aqui para baixar o conteúdo completo.

O período de pandemia, sem dúvida, contribuiu para a evolução das acomodações alternativas por conta da expansão do trabalho remoto e por levar o foco à qualidade de vida e às experiências. No Brasil, entretanto, o segmento é incipiente e apresenta muitas oportunidades de crescimento, segundo a executiva da JLL. A pesquisa mapeia algumas dessas oportunidades. Confira a seguir.

Aluguéis de curto prazo (short-term rentals ou STR) 

“O Brasil tem operadoras nacionais fortes em STR. Gramado, por exemplo, é uma cidade em que o STR está se desenvolvendo muito, principalmente como multipropriedade. Esse modelo é popular no Brasil porque temos a cultura do imóvel como investimento”, avalia Juliana. 

Plataformas de distribuição

Em geral, são start-ups e ganham destaque à medida que a economia compartilhada se torna mais comum. Evoluem para oferecer não só acomodações, mas também experiências de viagem e mais.

Gestores de imóveis residenciais com marca

São empresas que profissionalizam a gestão do aluguel, a manutenção e o design de casas de férias de luxo. Conseguem proporcionar uma experiência de mais qualidade para os viajantes e têm a tecnologia como pilar essencial das operações.

Residencial para renda com marca

Não é algo totalmente novo para a indústria de hospedagem, pois várias empresas tradicionais de hotéis possuem produtos similares, como Marriott (Edition e Ritz Carlton) e Four Seasons. Na Europa e Ásia-Pacífico, os apartamentos com serviços existem há anos. A diferença agora está mais na locação de curto prazo e nas soluções de tecnologia embutidas.

Programas de fidelidade

Cobram dos hóspedes uma taxa mensal ou anual para acesso a um clube exclusivo  de benefícios e já existem há algum tempo. Ao longo da pandemia, porém, esse tipo de programa se tornou mais popular por oferecer aos viajantes a possibilidade de ficar em vários locais, muitas vezes globalmente, por uma taxa fixa. “No Brasil, uma das pioneiras a implementar um bom e estruturado programa de fidelidade é a Accor”, exemplifica Juliana.

Acomodações compartilhadas

São quartos ou unidades de apartamentos onde vários hóspedes, que não estão viajando juntos, se hospedam e pagam por sua cama. Normalmente, compartilham banheiros, áreas comuns e o uso de outras comodidades. Podem se parecer, em alguma medida, com os albergues/hostels ou co-livings. São populares entre nômades digitais e viajantes mais jovens da geração Z, que procuram por opções de acomodação mais econômicas. Sistemas operacionais focados em tecnologia e apelo do mercado local estão definindo as características deste subsetor.

A caminho da consolidação

Uma das conclusões da pesquisa da JLL é que o setor de acomodações alternativas deve ser considerado como parte da indústria global de hospedagem e não simplesmente uma "alternativa", visto que compreendeu 20% dos cerca de US$ 300 bilhões em receita global de hospedagem gerada em 2021.

Além disso, a análise da história de desenvolvimento da hotelaria tradicional dá pistas sobre o caminho que esse segmento de hospedagem deve percorrer, especialmente em relação à estrutura de propriedade e modelo de distribuição.

Com mais de US$ 60 bilhões em oportunidades de receita, rendimentos relativamente altos e uma base de consumidores crescente, tudo indica que o setor de acomodações alternativas está pronto para a consolidação.

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