Reportagem

Serviços e experiências nos edifícios corporativos colaboram para ocupação e rentabilidade

Estratégia deixa empreendimentos mais atraentes ante a concorrência e possibilita cobrar mais pelo aluguel.

23 de Fevereiro de 2023
Autores:
  • Agência Tecere

A oferta de serviços e experiências nos edifícios corporativos é uma estratégia que favorece a ocupação e a rentabilidade dos empreendimentos, pois é uma maneira de diferenciá-los da concorrência a partir das facilidades oferecidas aos usuários e, justamente por isso, possibilita aos proprietários cobrar mais pelo aluguel.

Cabe também à administração do edifício, a partir da relação estabelecida com os inquilinos, identificar as necessidades e oportunidades de indicar soluções que tragam valor ao dia a dia dos frequentadores e ao próprio condomínio. 

Este é um movimento crescente no Brasil, e embora ainda seja incipiente por aqui, é uma prática já consolidada em outros mercados, como o americano, explica Murillo Azevedo, gerente de Planejamento Estratégico de Gerenciamento de Propriedades da JLL.

“No Brasil, os edifícios comerciais, em geral, não têm academia, quadra ou um espaço comum para os inquilinos conviverem. Nos EUA, a cultura de experiência é muito mais forte. A maioria dos empreendimentos tem essas áreas e o proprietário tem a clara visão de que isso contribui para manter a vacância baixa. No entanto, é um assunto cada vez mais frequente entre investidores, players e clientes no nosso país”, afirma o executivo.

Azevedo está passando uma temporada na matriz da JLL, em Chicago (EUA), para aprofundar o conhecimento em experiências internacionais e trazer tendências e insights para o mercado brasileiro. 

Atração para o escritório

Oferecer serviços e experiências no edifício corporativo também é uma forma de tornar o escritório mais atraente para os funcionários. Este é um desafio das empresas em modelo de trabalho híbrido ou que desejam retornar para o presencial.

Essa oferta pode ser um espaço para atividade física, como academia ou quadra, ou uma área para eventos promovidos pelo próprio condomínio e disponível para os ocupantes mediante reserva, por exemplo.

“Cada prédio tem necessidades e ocupantes únicos. Garantir a satisfação do inquilino é fidelizá-lo, além de contribuir para o posicionamento do produto imobiliário. A gestão da JLL quer agregar valor, pois sabemos que dessa forma também estaremos agregando valor para o proprietário”, destaca Azevedo.

Estratégia boa para vacância alta ou baixa

A partir do momento que o condomínio provê uma experiência melhor para o inquilino, a vacância tende a ser menor e é possível cobrar um aluguel maior. Ou seja, a estratégia é boa para edifícios com ocupação baixa e também para os que não têm este problema.

“No centro do Rio de Janeiro, por exemplo, que apresenta alta vacância e alguns produtos similares, faz sentido incluir esse tipo de diferencial. A lógica do proprietário, na minha leitura, deveria ser: já que o cenário está difícil, com vacância alta e vizinhos iguais, preciso investir mais em serviços e diferenciais para ver como o mercado vai reagir. O custo de carregar o ativo sem ocupação é muito maior do que o investimento em uma solução focada no locatário”, aponta Azevedo.

E continua: “Mesmo na Faria Lima, que apresenta baixíssima vacância, vale questionar quando vagar um andar: seria melhor já repor o inquilino ou fazer espaços de convivência para os atuais, pensando em diferenciar ainda mais o ativo e buscar um valor maior no preço dos aluguéis?”

Para ele, uma possível perda de receita não deve ser uma questão. “Proprietários de ativos imobiliários em regiões com baixa vacância podem questionar a perda da receita do espaço, mas observamos em outros países que existem formas de se equilibrar essa equação e, inclusive, continuar remunerando tais espaços. Estou certo que essas questões serão cada vez mais exploradas”, afirma o executivo.

Questão cultural

Azevedo pontua que nos EUA é normal um escopo de atendimento mais amplo. Além disso, há um entendimento dos proprietários, de forma geral, da necessidade de ter áreas atrativas para seus ocupantes.

“Apesar de demonstrar ser uma tendência cada vez mais forte, há anos a JLL se preocupa com a satisfação dos inquilinos, fazendo pesquisas e lançando ferramentas. Daqui para a frente, vamos intensificar esse movimento, pois é o que o mercado exige no momento”, conclui o executivo da JLL. 

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