Reportagem

A nova cultura de uso do espaço corporativo

Como os escritórios estão mudando para promover maior produtividade e satisfação no cenário pós-COVID.

11 de Janeiro de 2021

Do home office ao distanciamento físico, a pandemia de COVID-19 mudou muita coisa na dinâmica de trabalho nos escritórios. E, com isso, acelerou algumas tendências rumo a uma nova cultura de uso dos espaços corporativos. “O home office, por exemplo, veio para ficar. Até as empresas mais conservadoras, que não acreditavam nesse modelo, agora estão admitindo esse modo de trabalho na reentrada”, aponta Roberta Hodara, especialista em Workplace & Change Management da JLL. “É difícil ouvir alguém dizer que, quando a situação se normalizar, todo mundo vai voltar para o escritório como antigamente.”

O “novo normal” na configuração dos escritórios vai além da discussão sobre o aumento ou a diminuição do espaço em um mundo pós-pandemia. Se algumas empresas consideram reduzir a metragem quadrada para ter menos custos operacionais, outras adotam essa estratégia para aumentar a produtividade e a satisfação dos funcionários com a possibilidade de trabalhar alguns dias em casa, especialmente quando tiverem tarefas que exigem alta concentração. “As pessoas ficam felizes por ter essa possibilidade de escolha”, diz Roberta.

A tecnologia é uma aliada para implantar o “flex office” (revezamento dos dias de trabalho entre a casa e a empresa). Com um sistema de reserva à distância de estações de trabalho e salas de reunião, ninguém perde a viagem. “Os colaboradores conseguem se programar para ir ao escritório quando precisam e, ao chegar lá, têm um lugar garantido, não ficam esperando alguém desocupar um espaço”, afirma Roberta. “A tecnologia permite organizar melhor essa rotina, e isso traz mais produtividade. Ao ver que o rodízio é organizado, os funcionários ficam mais felizes por perceberem que a empresa está se preocupando com isso.”

“No cenário pós-pandemia, as pessoas querem socializar. Outras dinâmicas de trabalho estão vindo cada vez mais à tona.”

Roberta Hodara, Especialista em Workplace & Change Management, JLL

Outra mudança importante na cultura de uso de espaço tem a ver com o planejamento do layout do escritório, que deixa de focar somente na combinação estrita de estações de trabalho e salas de reunião e passa a contemplar ambientes abertos e semiabertos que estimulam a interação e a sociabilidade. “Ficou claro que alguns tipos de trabalho podem ser feitos em casa e que o escritório é um bom lugar para encontrar os colegas e trabalhar em projetos, trocar ideias, atuar em conjunto, e não passar o dia isolado em uma mesa.”

Essa nova configuração é feita sob medida para cada empresa, levando em conta sua cultura de trabalho e o comportamento dos colaboradores, além do auxílio da tecnologia. Afinal, os dados coletados pelos sistemas de reservas de salas e de estações de trabalho e por sensores que mostram onde as pessoas passam mais (e menos) tempo fornecem um retrato mais nítido de como os colaboradores realmente utilizam os espaços da empresa.

A mistura da vida pessoal com a profissional que muitos vivenciaram durante a pandemia ao trabalhar em casa também deve influenciar a configuração dos espaços corporativos daqui para a frente. Alguns exemplos disso, segundo Roberta, são os ambientes com um ar mais “caseiro” e a oferta de serviços que ajudem as pessoas a resolver pendências pessoais – como fazer um exame ou ir ao cartório – mesmo durante o expediente.

No futuro próximo, portanto, pode ser mais corriqueiro trabalhar em uma empresa que se parece com um hotel, seja porque tem um “concierge” para ajudar os colaboradores com tarefas pessoais, seja porque fica localizado em um prédio que oferece essas soluções. Ou então em um espaço de coworking que fique perto de casa em vez de ir para a sede da empresa. “Essa é uma tendência interessante por oferecer a possibilidade de não ter que fazer grandes deslocamentos para ir trabalhar”, esclarece Roberta. “A empresa fica com um escritório central menor, mais estratégico, para levar clientes ou fazer algumas dinâmicas de trabalho, e oferece vouchers para as pessoas trabalharem em espaços de coworking mais perto de suas casas.”

Todos esses cenários possíveis, no entanto, só vão melhorar a produtividade e a satisfação se houver um bom diálogo e uma preparação dos funcionários para as novas dinâmicas de trabalho e para o uso da tecnologia. “É preciso preparar os times para essa nova jornada, entender suas necessidades. Para não ter perda de produtividade e de talentos, os funcionários precisam fazer parte dessa transição”, conclui Roberta.

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