Por que diversidade?
"Aprender e falar sobre diversidade me deu a chance de rever antigos conceitos sobre a forma de pensar os espaços para TODOS, de uma maneira genuinamente inclusiva."
Há tempos, o tema diversidade tem ocupado um papel cada vez mais relevante na nossa sociedade. Nunca houve tantos esclarecimentos neste sentido, em busca de quebrar os vieses inconscientes que, por gerações e gerações, permearam nossas condutas e valores. Fomos “acostumados” a enxergar as coisas da maneira como elas sempre se apresentaram na propaganda de margarina – talvez muitos não se lembrem dessa propaganda famosa, da família tradicional perfeita, moldada em padrões pré-determinados. O fato é que toda essa informação escancarou muitas questões que anteriormente não eram vistas como problemas, principalmente para aqueles grupos que não estavam inseridos nas minorias, minorias aquelas com pouca representatividade em mídias, universidades prestigiadas e nas posições de liderança nas principais empresas do país e do mundo. E eu não poderia me sentir mais feliz por estar presenciando este momento de transformação e consciência, não apenas como espectadora, mas como uma voz atuante e influenciadora dessa mudança tão importante.
Falar de empoderamento feminino, por exemplo, é para mim um exercício constante de reafirmação que o meu lugar, assim como o de qualquer outra mulher, é onde eu ou ela quiser estar. Que ocupar uma posição de liderança nos permite exercer nosso propósito de transformar, aumentando nossa representatividade no mundo corporativo e contribuindo para que este fato seja cada vez mais comum, ampliando o sentimento de sororidade entre nós – aquela coisa de uma mão puxa a outra, sabe?
Todas nós, em algum momento de nossas vidas, passamos por situações desconfortáveis em diferentes escalas. A consciência que se aprimora a cada dia é fundamental para que possamos atuar onde tenhamos talento para tal, sem rótulos e sem ter que lutar contra velhos padrões comportamentais que não cabem mais nos dias de hoje (na verdade, nunca couberam).
Minha experiência como arquiteta me trouxe a lugares não antes imaginados – depois de anos havendo atuado como tal, percorri o caminho da gestão de projetos e agora percorro o da gestão de negócios – uma carreira construída de maneira fluida e natural, moldada fundamentalmente na minha essência em apreciar o simples e o descomplicado, na inquietude e por ter uma conexão emocional forte com pessoas e com a relação que elas criam com os espaços que utilizam.
Posso dizer que aprender e falar sobre diversidade me deu a chance de rever antigos conceitos sobre a forma de pensar esses espaços para TODOS, de uma maneira genuinamente inclusiva. Também contribuiu para que eu tivesse maior clareza do quanto a cultura organizacional, com foco nas pessoas, tem um papel importantíssimo na formação de empresas mais fortes e com um propósito verdadeiro. Empresas com essa preocupação migram facilmente do controle para a confiança, da punição para o incentivo, do medo para a verdade, gerando líderes com inteligência emocional e visão de futuro, capazes de escutar ativamente seus colaboradores e entender que suas necessidades e aspirações não se encaixam em padrões. Conforme um estudo que li recentemente de Richard Barrett, essas empresas também passam a adotar estratégias do Marketing 3.0, voltadas para o ser humano, e não mais para consumidores ou produtos – como retrata bem o “Golden Circle”, de Simon Sinek: o importante é o porquê você faz, e não o que você faz.
E assim vamos evoluindo, como na música ou na moda, em que há sempre uma efemeridade de notas e tendências, tornando-nos capazes de abraçar de forma mais leve as mudanças que de tempos em tempos surgem, por estarmos conectados a um propósito maior, sentindo-nos parte do todo e empoderados para contribuir com nossas próprias características e percepções para o sucesso das organizações.
Viva, portanto, a diversidade!
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