Reportagem

Gestão feminina deixa a obra do histórico Largo do Boticário, no Rio, ainda mais especial

Projeto de restauro e construção envolve 20 escritórios sob gerenciamento da JLL.

20 de Novembro de 2020

A obra do Largo do Boticário, no Rio de Janeiro, ainda está em andamento, mas já é emblemática: revitalizará um endereço que é xodó dos cariocas com uma gestão feminina no canteiro de obras.

No local, está sendo construído o hostel Jo&Joe, marca de lifestyle do Grupo Accor e implantado pela empresa francesa Lakasa Development. Os cinco casarões antigos que compõem o Largo do Boticário serão a fachada e a entrada para o empreendimento de 4.158 m², que terá 80 quartos compartilhados (mais de 300 camas), um prédio novo, três piscinas, snack bar, restaurante aberto ao público, pub, coworking, entre outros atrativos.

Carolina Scarcello faz a coordenação e Fernanda Barbieri acompanha o dia a dia – ambas são da JLL. E a equipe da construtora Klar também é formada por mulheres: Luciana Bracco (diretora), Adria Vital (engenheira de produção), Pryscilla Amaral (coordenadora de suprimentos) e Andressa Frazao (segurança do trabalho).

A JLL valoriza a diversidade, tanto que possui grupos como o Women’s Business Network, e é reconhecida por suas boas práticas: foi a única empresa do setor imobiliário a fazer parte do Guia Exame de Diversidade 2020, por exemplo, e voltou a conquistar o Selo de Direitos Humanos e Diversidade justamente na categoria mulheres neste mesmo ano. 

A presença das mulheres nas obras

Nos últimos anos, a presença feminina nos cursos de Engenharia Civil cresceu. Segundo o Censo da Educação Superior, as mulheres representavam 21% dos estudantes em 2005. Dez anos depois, elas eram 30%. Mas, como o número mostra, o mercado ainda é predominantemente masculino, por isso, elas enfrentam muitos desafios.

Carolina Scarcello diz que precisa ser mais dura para impor respeito. “É um ambiente predominantemente machista, mas a gente mostra que está ali profissionalmente.”

Para Fernanda Barbieri, estar em uma obra com tantas mulheres é uma inspiração – além da equipe de gestão, também há outras profissionais envolvidas no restauro. “A gente tem que manter uma postura mais séria, mas, quando o trabalho começa a fluir, todo o mundo vê que há competência e passa a confiar.”

Mulheres ainda enfrentam preconceito no
mercado de trabalho da Engenharia Civil

Características do projeto

De fato, é necessária muita competência para gerir uma obra tão complexa quanto a do Largo do Boticário. São 20 escritórios trabalhando simultaneamente em projetos diferentes que envolvem restauro, reforma e construção. E a equipe da JLL é responsável por orquestrar tudo isso.

O restauro também guarda descobertas tais como elementos estruturais não convencionais, e as cores originais das fachadas por meio do processo de estratigrafia.

A origem do Largo do Boticário remete a 1831, quando Joaquim Luís da Silva Souto, que era boticário, investiu na região. Depois disso, nomes de destaque da época frequentaram o local, como o Marechal Joaquim Alberto de Souza Silveira, padrinho do Machado de Assis, que morou em uma das casas. Foi nos anos 1920, após ser adquirido por Edmundo Bittencourt, fundador do jornal Correio da Manhã, que o endereço ganhou a cara que tem hoje, com as casas de estilo neocolonial.

Após anos de abandono, o nível de degradação era alto. Antes mesmo do início da construção e reforma, foram necessárias obras para contenção das estruturas, proteção do telhado, poda da vegetação que invadia o espaço, entre outros.

Carolina informa que todo o trabalho segue as orientações de diversos órgãos fiscalizadores como o Inepac (Instituto Estadual do Patrimônio Cultural), o IRPH (Instituto Rio Patrimônio da Humanidade), SMU (Secretaria Municipal de Urbanismo), SMAC (Secretaria Municipal de Meio Ambiente), entre outros, que acompanham de perto. A previsão de conclusão é em 2021. 

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