Reportagem

Locações batem devoluções em SP no 4T de 2021 e mercado reaquece para a volta ao trabalho presencial 

Momento é oportuno para empresas que querem mudar de endereço e reavaliar sua ocupação.

25 de Março de 2022
Autores:
  • Agência Tecere

Depois de seis trimestres, a absorção líquida voltou a ser positiva no mercado de escritórios de alto padrão em São Paulo, ou seja, está havendo mais locações do que devoluções de espaços corporativos. Essa é uma mudança no cenário que se instalou durante a pandemia, quando muitas empresas optaram por reduzir suas áreas. Para Rafael Calvo, diretor de Locação na Divisão de Escritórios da JLL, isso indica que as empresas estão planejando seu retorno aos escritórios.

“O retorno foi adiado devido à variante ômicron do vírus, mas, agora que o pico de contaminações já passou, começamos a ver novamente essa movimentação. Acredito que vamos observar um retorno gradual ao longo do ano de 2022”, analisa. 

Porém, isso não significa necessariamente que as devoluções acabaram. Muitos desafios ainda vão se apresentar durante a reocupação: as empresas podem perceber que estão com espaço ocioso ou o contrário, faltando. Dessa forma, ainda é esperada uma certa acomodação.

“Com a realidade do trabalho híbrido, de fato, não devemos ter uma ocupação equivalente a de antes da pandemia. Porém, as empresas continuam tendo a necessidade de interação entre as equipes e quem voltar para o escritório precisa estar preparado para se deparar com espaços otimizados”, afirma o diretor da JLL.

Além de se adaptar para um novo modelo de trabalho, as empresas também precisarão repaginar o layout dos seus espaços para essa nova realidade. Assim, pode não ser o caso de alugar ou devolver mais áreas e, sim, ajustar o que já há disponível para criar espaços adequados para trabalhos de colaboração, por exemplo.

Flight to quality: momento favorável para o upgrade

Toda essa movimentação recente no mercado abriu oportunidades para os ocupantes, que puderam encontrar bons negócios em regiões ou edifícios melhores do que aqueles em que estavam instalados.

Regiões tradicionalmente demandadas, como Faria Lima, JK, Itaim e Vila Olímpia, continuam em alta, com disponibilidade abaixo de 10%. Em eixos menos centrais, como Berrini e Chucri Zaidan, a disponibilidade em edifícios classe A é maior, em torno de 30%.

“Essas regiões têm o desafio da atração de pessoas, mas são atrativas do ponto de vista de infraestrutura, com hotéis, espaços de eventos e proximidade ao aeroporto de Congonhas. São opções para empresas que estão mais afastadas, nas marginais ou em Alphaville”, exemplifica o executivo da JLL. 

Além disso, devido à disponibilidade maior nessas regiões, os proprietários tendem a ser mais flexíveis nas negociações, oferecendo incentivos como carência e descontos. Em um artigo escrito para o portal da revista Exame, Calvo analisou o perfil de ocupação corporativa na cidade. 

Janela de oportunidade

Com o mercado se preparando para a retomada do trabalho nos escritórios, as empresas que desejam expandir ou mudar de endereço e ainda não tomaram suas decisões imobiliárias precisam se apressar. Isso porque o novo estoque previsto para ser entregue na cidade de São Paulo até 2024 é 38% menor que a soma dos últimos três anos.

Outro fator de atenção é o IGP-M, índice que norteia o reajuste dos contratos de aluguel e que continua na casa dos dois dígitos, acumulando alta de 16,12% no período entre fevereiro de 2021 e fevereiro de 2022.

“Mesmo as empresas que estão satisfeitas com suas áreas de ocupação precisam estar atentas ao valor que pagam de aluguel, pois a alta do IGP-M leva a desequilíbrios nos contratos. Se for o caso, é necessário negociar para se adequar à realidade do mercado”, conclui Rafael Calvo.

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