Reportagem

Entenda a diferença entre home office e trabalho remoto

Ter programas estruturados de trabalho flexível faz toda a diferença para a produtividade a distância.

22 de Abril de 2020

A implementação em massa do home office como medida para conter o avanço do coronavírus está obrigando as organizações a repensar seus modelos de trabalho. Empresas e profissionais estão descobrindo que é possível manter e até aumentar a produtividade com a equipe trabalhando de casa, mesmo com todos os desafios tecnológicos e de gestão que a adoção apressada desse método trouxe.

“A partir desse momento de crise, as empresas têm que olhar para a política de trabalho remoto de forma mais estruturada e detalhada”, indica Roberta Hodara, especialista em Workplace da JLL. “É necessário se adaptar a essa nova rotina porque pode haver outra situação que impeça as pessoas de circularem”, alerta.

O primeiro passo, segundo ela, é diferenciar home office de trabalho remoto. Home office é dar ao funcionário condições para que desenvolva seu trabalho em casa. Isso inclui fornecer equipamentos como notebook, itens ergonômicos e verba para uma internet de qualidade, por exemplo. 

Ouça uma entrevista de Roberta Hodara sobre a adoção em massa do trabalho remoto:

“Tudo isso precisa ser oficializado. O colaborador assina um termo de que está ciente de que tem as ferramentas de infraestrutura para ser funcionário home office. Caso ele venha a processar a empresa por problemas de coluna ou algo do tipo, a empresa está respaldada porque ofereceu as condições necessárias para o home office”, explica Roberta.

No trabalho remoto, o empregado pode trabalhar de qualquer lugar: de casa, de um café e até de outro país. Neste caso, a empresa não tem respaldo jurídico. Para escolher entre um ou outro, é preciso analisar o perfil dos funcionários e as características do negócio, como se há a obrigação de controle da jornada. “A adesão ao trabalho flexível não é só uma questão de infraestrutura e modo de trabalho, envolve também questões jurídicas e de RH”, diz a especialista em Workplace da JLL.

Flexibilidade geral por causa do coronavírus

Se as empresas estão sendo obrigadas a serem mais flexíveis em suas operações por causa do coronavírus, o mesmo acontece com a legislação. Com a medida provisória (MP) publicada pelo Governo Federal, algumas regras trabalhistas sofreram alteração para suavizar os impactos do coronavírus no mercado brasileiro, segundo o pós-doutorando em Direito, Marcelo Melek, professor de Direito e Ciências Sociais na Universidade Positivo.

“As novas regras priorizam o acordo individual feito entre empregado e empregador”, explica Melek. O home office, normalmente, deve estar previsto no contrato individual de trabalho. Com a MP, pode haver acordo sem a necessidade de alteração no contrato, mas permanece a responsabilidade do empregador de fornecer os materiais e serviços necessários para que o funcionário consiga realizar suas atividades em casa. 

Trabalho a distância deve ser estruturado

Em muitas organizações, o home office e o trabalho remoto acabam sendo saídas para lidar com a falta de espaço no escritório. Isso acontece quando a equipe cresce repentinamente, por exemplo, e não há mesas para todos.

Para Roberta, essa visão, que leva à falta de um programa estruturado de trabalho flexível, impede que se extraia todos os benefícios da prática. Mais do que isso, para a especialista da JLL, oferecer políticas de trabalho flexíveis é uma maneira de atrair e reter talentos e, por isso, deveria ser um benefício considerado estratégico nas organizações.

Veja as vantagens do home office e do trabalho remoto:

  • Mais qualidade de vida, à medida que elimina o tempo de deslocamento até o trabalho, que pode ser
    aproveitado de outra forma, e diminui o estresse com trânsito e transporte;
  • Maior equilíbrio entre vidas pessoal e profissional;
  • Mais foco e concentração, se o colaborador estiver em ambiente adequado;
  • Redução de custos para a empresa.

Para se alcançar todas essas vantagens, é necessário que os colaboradores estejam confortáveis com o trabalho a distância, ou seja, tenham as ferramentas e os treinamentos necessários, além do suporte da empresa no período de adaptação.